Conclusão
Trecho
da CONCLUSÃO do Autor:
“Senti-me
inicialmente muito longe dele, pela distância do tempo e do estatuto social. Como,
mesmo com os privilégios do historiador, me aproximar de um rei e de um santo?
Depois, através dos documentos e da análise de sua produção, eu o senti mais e
mais próximo. Não o vi em sonho, mas
creio que poderia fazê-lo, como Joinville.
E foi o que mais e mais senti, essa atração, a fascinação da personagem. Creio ter compreendido que muitos tenham tido
vontade de vê-lo, de ouvi-lo, de tocá-lo.
Ao prestígio da função, que seus predecessores Capetos tinham
cuidadosamente construído, somava-se sobretudo um carisma pessoal, o de um rei
que não tinha necessidade de usar a coroa e as insígnias do poder para
impressionar, o do rei, esse grande, magro e belo Luís, dos olhos de pomba, que
frei Salimbene de Parma viu chegar descalço na poeira do caminho que levava a
Sens. Uma personagem impressionante para
além de sua aparência, uma das ilustrações mais vigorosas da teoria weberiana do
carisma, uma das mais notáveis encarnações de um tipo, de uma categoria do
poder: vontade de realizar um tipo de príncipe ideal; o talento de ser ao mesmo
tempo profundamente idealista e consideravelmente realista; a grandeza na
vitória e na derrota; a encarnação de uma harmonia contraditória, na aparência,
entre a política e a religião, um homem de guerra pacifista, um construtor do
Estado, sempre a ponto de se inquietar com o comportamento de seus
representantes; a fascinação da pobreza, sendo pessoa da maior condição; a
paixão pela justiça, mesmo respeitando por completo uma ordem profundamente
inigualitária; a união da vontade e da graça, da lógica e do acaso, sem os
quais não há destino.
Do
Livro: São Luís
Biografia, pág. 788 – Jacques Le Goff,
Tradução de Marcos de Castro, Editora Record, 1999.
O projeto do livro São Luís levou
mais de dez anos, uma gestação lenta e cuidadosa a que poucas biografias têm
direito. A obra inventa um conceito, o
de “biografia total”. Para Le Goff,
trata-se de articular três perspectivas: na primeira parte do livro, ele
apresenta os resultados da sua tentativa de biografia, com os principais
períodos da vida tal como Luís a construiu.
Na segunda, ele parte para o estudo crítico da produção da memória do
rei pelos seus contemporâneos, e na terceira, finalmente, explora as principais
perspectivas que fazem de Luís IX um rei ideal e único para o século XIII, um
rei que recebe a auréola da santidade.
Jacques Le Goff
(Toulon, 1 de janeiro de 1924) é um historiador francês especialista em Idade
Média. Autor de dezenas de livros e trabalhos; membro da Escola dos Annales, se
empregou na antropologia histórica do ocidente medieval.
Antigo estudante
da École Normale Supérieure, estudou na Universidade Charle de Prague em
1947-48,professor de história em 1950 e membro da École Française de Rome, foi
nomeado assistente da Faculté de Lille (1954-59) antes de ser nomeado
pesquisador noCNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica), em 1960. Em
seguida, mestre-assistente da VI seção da École pratique des hautes études
(1962) - sucedeu Fernand Braudel no comando da École des hautes études en
sciences sociales, onde ele foi diretor dos estudos. Cedeu seu lugar a François
Furet em 1967. Na qualidade de diretor de estudo na École des Hautes Études en
Sciences Sociales, Jacques Le Goff publicou brilhantes estudos consagrados, que
renovaram a pesquisa histórica, sobre mentalidade e sobre antropologia da Idade
Média. Seus seminários exploraram os caminhos então novos da antropologia
histórica. Ele publicou os artigos sobre as universidades medievais, o
trabalho, o tempo, as maneiras, as imagens, as lendas etc. VIHS
Co-diretor da Escola
dos Annales, dirigiu os estudos ligados à “Nova História” , como a coletânea
Faire de l’histoire em 1977 e o volumoso Dictionnaire de la Nouvelle Histoire
publicado no ano seguinte, levando à revolução dos Annales. Sinal do sucesso de
suas teses, ele atuou no renovamento pedagógico de história participando da
redação de um manual escolar.
Nos anos 1980 ele
trabalhou em uma biografia de São Luís, publicada em 1996. Tudo em recordações
das etapas essenciais do reinado de Luís IX, ele renovou o gênero biográfico
pelos seus métodos e suas reflexões sobre a possibilidade de conhecer realmente
um personagem da Idade Média.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Le_Goff
Imagem pertencente ao acervo do Convento de Santo Antônio do Largo da Carioca - Rio de Janeiro/RJ.
Imagem pertencente ao acervo do Convento de Santo Antônio do Largo da Carioca - Rio de Janeiro/RJ.
Ó
Deus que transferistes São Luís dos cuidados de um reino terrestre à glória do
Reino do Céu, concedei-nos, por sua intercessão, desempenhar nossas tarefas de
cada dia, e trabalhar para a vinda do vosso Reino. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Patrono da OFS
Ordem
Franciscana Secular
Festa:
25 de agosto
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