NATAL E FAMÍLIA

1. Quando falamos em Natal, pensamos na família. Nos últimas décadas temos assistido a uma verdadeira paganização do Natal. Acontece que as pessoas festejem o Natal sem vinculação explícita e consciente ao mistério aí celebrado: Deus se encarna e se manifesta aos homens. Não se pode esquecer que Natal tem a ver com a loucura do amor de Deus. Ele quis tornar-se gente, precisar dos seios de uma mulher e do leite generoso de seus peitos. Veio para beber a água de nossas fontes, comer o pão de nossas mesas, cantar nossos cantos e chorar nossas lágrimas. Natal é festa da chegada de Deus, festa da pobreza de Deus. Natal é a festa de uma criança. É festa de uma família. Uma jovem mulher que é esposa e mãe, de um homem vestido de fé de silêncio chamado José. “Entre o boi e o burro. Em meio ao feno, numa gruta onde os animais se recolhem, para abrigar-se da noite. Num espaço de rocha, cavado no coração da matéria, aí nasceu um menino. Sua mãe é jovem, cheia de graça, e se chama Maria. O pai é o carpinteiro José. O boi, o burro, o feno, a pedra escavada, a manjedoura, a estrela com seu rastro de fogo compõem um elenco elementar de presenças – resumo do Cosmos”(Hélio Pellegrino, Meditação de Natal, Ed. Planeta, I).

2. Os membros de uma família cristã vivem belamente a celebração do Natal quando seus membros aprenderam a prepará-lo interiormente: uma boa confissão sacramental, momentos de leitura dos textos de Isaías que anunciavam a chegada do Messias, reflexão pessoal e na comunidade familiar. Mas como fazer, se todos estão fora, se há compras e compras para fazer?

3. Certamente, o símbolo mais importante do Natal é o do presépio que deverá ocupar uma lugar todo especial na casa. E no presépio todo o destaque para o menino, a mãe e José. O presépio cativa a todos, mas de modo especial aos pequenos. No dia da festa e no tempo subsquente a família devia poder parar um pouco, cada dia, diante da cena. Poderia estar por perto, à disposição de todos, o texto de Lucas que é proclamado na Missa do Galo (Lucas 2, 1-14). “Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura porque não havia lugar para eles na hospedaria”.

4. Poder-se-ia tomar alguns trechos de Francisco de Assis sobre o Natal. Trata-se do Natal de Greccio. “Os irmãos foram chamados de muitos lugares: homens e mulheres daquela terra, com ânimos exultantes, preparam segundo as possibilidades velas e tochas para iluminar a noite que com o astro cintilante iluminou todos os dias e anos. Veio finalmente o santo de Deus e encontrando tudo preparado, viu e alegrou-se. E, de fato, prepara-se o presépio, traz-se o feno, são conduzidos o boi e o burro. Ali se honra a simplicidade, se exalta a pobreza, se elogia a humildade; e de Greccio se fez como que uma nova Belém. Ilumina-se a noite como o dia e torna-se deliciosa para os homens e os animais. As pessoas chegam ao novo mistério e alegram-se com as novas alegrias. O bosque faz ressoar as vozes e as rochas respondem aos que se rejubilam. Os irmãos cantam, rendendo os devidos louvores ao Senhor, e toda a noite dança de júbilo. O santo de Deus está de pé diante do presépio, cheio de suspiros, contrito de piedade e transbordante de admirável alegria. Celebra-se a solenidade da missa sobre o presépio e o sacerdote frui de nova consolação” ( 1Celano, 87).

5. Celebra bem o Natal a família que procura participar da Missa da Noite, na dita Missa do Galo. A presença de todos os membros, na eucaristia, dá à festa da noite um caráter diferente. Já não há mais somente o aspecto exterior, mas tudo brota do Cristo. Padres cuidadosos não permitirão que o essencial da noite se perca em muitos pormenores dispensáveis. O importante naquela celebração: um menino nos foi dado, envolto em panos, ele é o príncipe da paz.

6. Faz parte do natal familiar a participação na ceia. Há essa ceia com os avós, irmãos, cunhados, filhos e netos. Importante que todos cheguem com alegria, com vontade de encontro e não simplesmente para cumprir uma formalidade. Por vezes, devido à falta de entendimento entre alguns membros da família essa reunião pode ser penosa. Bom seria se todos pudessem se vestir de sentimentos de acolhida, de misericórdia, de compreensão. Antes da ceia, seria de bom alvitre, a leitura de uma crônica, de uma prece ou de um texto bíblico sobre o natal. A ceia das familias cristãs será feita com gosto, mas também sem preocupações exageradas. Na noite de Natal não convém que as pessoas comam e bebam imoderadamente. Não é esta finalidade da ceia. Ela aponta para o bem querer entre os membros da família.
7. Normal que as pessoas se presenteiem. Deus nos dá o presente de seu Filho e, um costume, faz com que na noite ou no dia de Natal as pessoas troquem presentes. Desnecessário dizer que altos gastos com presentes não têm sentido. Estamos diante do Príncipe do céu que nasce pobre no presépio.

8. Há pessoas que, na noite de Natal experimentam situações de aperto no coração e de certo constrangimento. Pensamos aqui no primeiro Natal depois de morte do pai, da mãe, ou de uma parente mais próximo. Vemos chegar a viúvas com os filhos, sem o marido e pai. Temos diante dos olhos a pessoa que ficando sozinha e não tem mais ninguém com quem passar a noite de Natal. Para um casal mais antigo custa um pouco, digo bem um pouco, acolher a filha separada com seu novo namorado. São situações familiares que tornam mais cruas e duras na noite do Natal.

9. Importante que as famílias cristãs reajam e não deixem que a sociedade do lucro, do interesse tire o Menino Deus do presépio e ali coloquem ídolos: dinheiro, prestígio, poder.
Reflexão sobre o Natal e Família - Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

Comentários

  1. SER FRANSCISCANO È COLHER PERFUME EM ROSAS COM
    MUITOS ESPINHOS, E CANTAR A PEFEITA ALEGRIA.
    COMO TAMBÉM, REZAR AO IRMÃOS, O AMOR NÃO É AMADO?
    PAZ E BEM!
    MARCO AURELIO LIMA

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  2. "Vigiai e preservai-vos de todo o mal e perseverai no BEM até o fim." 1Rg,21,10
    "Atendamos todos, irmãos, ao que diz O SENHOR:"AMAI OS VOSOS INIMIGOS E FAZEI O BEM a todo os que vos odeiam"(Mt 5,44). Adm.22

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