O Silêncio de Jesus
Começo
lembrando uma frase de São João da Cruz, o grande místico sempre atual: “O Pai disse uma só Palavra, isto
é, o seu Filho Jesus. É num silêncio eterno que continua pronunciá-la: também a
alma deve escuta-la no silêncio”. Carlo Maria Martini, confirma: “Em Deus está o mistério do
silêncio que se expressa na Palavra, que é Jesus. E, em Jesus há muito silêncio
e algumas palavras que tem força extraordinária”.
Com estas
afirmações, podemos continuar pensando no silêncio de Jesus. Um verdadeiro
tesouro nunca se encontra em qualquer esquina. Basta lembrar onde e como os
garimpeiros procuram o ouro ou as pedras preciosas. O silêncio de Jesus evoca o
Mistério de Deus que nele foi revelado e continua sendo o “tesouro escondido” (Mt 13, 44).
No
silêncio de Jesus nunca está o medo, nem a omissão e nem o vazio, mas sempre
aquela permanente sintonia de amor com o Pai e a compaixão pela humanidade. No
silêncio de Jesus ressoa a vida em plenitude. Aqui tem razão um provérbio
Úngaro que diz: “Onde está o
amor, ali fala o silêncio”.
A total
dependência de Jesus como Filho único do Pai, o mantém numa relação única
diante de Deus. Sua espiritualidade filial alimenta-se de oração e de sintonia
. Para Jesus a obediência à vontade do Pai, nunca é questão de correspondência
a um código de moral, mas questão de fidelidade e de amor. Esta é a força
secreta que o sustenta em sua missão e lhe dá coragem na solidão, especialmente
no ambiente sempre mais hostil que o rodeava. “Mas
eu não estou só. O Pai está sempre comigo”( Jo 16, 32).
Tantas
vezes nos Evangelhos podemos acompanhar Jesus se retirando para cultivar a
sintonia com o Pai, no silêncio e na oração. Após o Batismo e antes de sua
partida em missão vai ao deserto, onde é posto à prova, mas sai vitorioso,
firmado na fidelidade ao projeto do Pai.
A intensa
atividade de Jesus ocupava de tal maneira que não tinha tempo nem para comer.
Procura retirar-se, mas a multidão chega antes. O cultivo do silêncio, sempre
lhe foi uma necessidade, assim como o pão e a água. Após uma incursão
missionária, reúne os doze e lhes diz: “Vinde,
a sós, para um lugar deserto, e descansai um pouco” (Mc 6, 31). Em Jesus e seus
discípulos, nada faz crescer mais a autoridade do que o silêncio. Mahatma
Gandhi dizia: “É
melhor para nós que fale a nossa vida do que nossas palavras”.
Principalmente
no momento dramático de sua condenação, o silêncio de Jesus foi ainda mais
eloqüente do que suas palavras. O governador nunca vira um acusado com tanta
dignidade. Jesus mostrou sua absoluta independência, sobretudo na corte do Rei
Herodes (Lc 23, 8-12). Aquele que falara a toda a espécie de pessoa, diante de
Herodes não disse uma palavra. Seu absoluto silêncio é o maior hino à
liberdade. Só um homem que possuía o grau supremo da liberdade interior, podia
agir desse modo. Jesus foi, o mais livre dos homens. Talvez o único homem livre
da história. Frei Luiz Turra, OFMCap - http://www.paroquiasantoantoniodopartenon.org/index.php/paroquia/mensagem-do-paroco/214-o-silencio-de-jesus
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