“Amou a Virgem Maria”
Não temos certeza absoluta quanto a data
do nascimento de Santo Antônio, mas aqueles que procuraram escrever sua vida
dizem que foi no dia 15 de agosto de 1195. Não estaria essa data relacionada ao
amor que nosso santo tinha à Mãe do Senhor. 15 de agosto é a solenidade da
Assunção da Virgem Maria.
Não se pode negar a devoção que Santo
Antônio tinha à Mãe de Jesus. Dizem que ele faleceu com o nome de Maria nos
lábios, pois, desde criança aprendeu a invocá-la e em toda sua vida foi-lhe
profundamente devoto. Encontramos seis sermões de Santo Antônio dedicado à
Virgem Maria e neles a homenageia com títulos admiráveis: “Trono místico de
Cristo”, “Trono de marfim pela sua brancura, ao qual se sobe pelos seis degraus das virtudes marianas: vergonha, prudência, modéstia, constância,
humildade e obediência”. Antônio também compara Maria ao lírio, a um vaso
de ouro, à oliveira, ao cipreste, ao arco-íris e à porta do céu. Também à chama
de nova Ester.
Santo Antônio tem afirmações profundas em
que encontramos o mistério da Virgem Maria sempre relacionado com o de Jesus
Cristo: “A criatura carregou no seio seu Criador e a pobre Virgem o Filho de
Deus”. “Tu és ao mesmo tempo o mais alto e o mais humilde! Senhor dos anjos e
súdito dos homens! O Criador do mundo obedece a um carpinteiro, o Deus de
eterna majestade se submete a uma Virgem”.
Outra afirmação interessante é esta:
“Maria não só deve ser louvada por ter trazido no ventre o Verbo de Deus, mas
também é bem-aventurada porque realmente guardou os preceitos de Deus”.
A reflexão que Santo Antônio faz sobre
Nossa Senhora é profundamente enraizada na bíblia, na pessoa de Jesus e na missão
da Igreja.
De Santo Antônio temos muito o que
aprender sobre o seu amor à Mãe de Jesus.
“Tendo as numerosas virtudes brilhado de
modo excelente em Maria Santíssima, a humildade superou-as a todas. Por isso,
quase esquecendo as restantes, coloca à frente a humildade, dizendo: 'Olhou
para a humildade de sua serva”.
Que o amor de Santo Antônio à Virgem
Maria, Mãe de Jesus, nos ajude a anunciar aquilo que a própria Maria proclamou
no Magnificat: “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc
1,48).
Província Franciscana de Santo Antônio do
Brasil http://www.ofmsantoantonio.org/historiaSantos/santoAntonio3.html
Oração: (De Santo
Antônio a Maria)
Rainha
nossa, insigne Mãe de Deus, nós te pedimos: faze com que nossos corações fiquem
repletos da graça divina e resplandeçam de alegria celeste. Fortalece-os com a
tua fortaleza e enriquece-os de virtudes. Derrama sobre nós o dom da
misericórdia, para que obtenhamos o perdão de nossos pecados. Ajuda-nos a viver
de modo a merecer a glória e a felicidade do céu. Amém!
PEQUENOS
E FRACOS COMO MARIA
• Deus
resolveu começar tudo com uma mulher, jovem, solteira, pobre, noiva de um
carpinteiro, moradora de um vilarejo tão miserável que nem constava dos mapas
de Israel. Uma criatura para a qual nenhum poderoso iria olhar.
• O
Deus da Bíblia trabalha, com predileção, justamente com o pobre, o pequeno, o
fraco, o desprezado. Seu Filho seria o filho desta mulher, uma mulher pobre
numa aldeia no fim do mundo. Os auxiliares imediatos de seu filho seriam
pescadores por quem ninguém daria nada.
• É
fundamental entendermos esse sentido de ser virgem: não pertencer a ninguém,
não contar nada como elemento constituinte do povo, não ser nada. É disso que
Deus precisa para começar a fazer um contemplativo, porque é dessa massa que
Ele faz um Cristo.
• Essa
pobreza, esse “nada” da Mãe de Jesus é importante na contemplação de Francisco
e Clara, que exatamente aí fundamentaram toda sua vida de recolhimento e ação.
Ser pobre de tudo para ser rico de Deus, como Maria, era o grande sonho de
Francisco e Clara e a realização de sua alegria. UNIDOS AO ESPÍRITO COMO MARIA
• Essa
virgem de Nazaré era mais uma figura do Povo, paralela daquela menina
enjeitada, símbolo de Jerusalém, que alguém tinha jogado no lixo da cidade e
estava para ser devorada pelos corvos se Deus não a recolhesse, como disse o
profeta Ezequiel (Ez 16, 1-15). É Maria, símbolo da Esposa bíblica que é o
miserável povo de Israel, que Deus convidou para ser Mãe unindo-se ao seu
próprio Espírito.
• A
história dessa enjeitada que virou rainha é a história de cada um dos
contemplativos: o Espírito de Deus age como um vento irresistível, construindo
Maria dentro de cada um. Maria do silêncio, que sabia “conferir as coisas em
seu coração” (Lc 2,52): é a visão contemplativa que abrange o mundo.
•
Francisco e Clara contemplam Maria em integração perfeita com a Santíssima
Trindade: filha, mãe e esposa. Antífona
do Ofício da paixão: “Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo
semelhante a vós, filha e serva do altíssimo Rei e Pai celestial, Mãe de nosso
santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo”.
•
Contemplação toda pelos olhos e extremamente concreta, objetiva. A Maria que
Francisco e Clara conhecem não tem nada de teorias e não se perde no mundo dos
conceitos: é um espelho prático em que enxergam a atuação do Espírito de Deus.
Assumem as atitudes de Maria frente a Deus, e como ela, concebe, gera e dá a
luz à Palavra de Deus, dando-lhe vida e forma.
•
Porque a devoção de Francisco e Clara para com Maria foi justamente essa:
aprender a acolher o Cristo para dá-lo à luz do mundo, com eles e em sua casa,
Maria se tornou Mãe de toda a família franciscana. MÃE DA HUMANIDADE COMO MARIA
•
Maria gerou o corpo de Jesus de Nazaré e gera o espírito de cada um dos filhos
de Deus até ficarem parecidos com o Primogênito de Deus. É através dela que
cada um e todos juntos constituem o Cristo Místico, em seu Corpo, a Igreja.
•
Maria mostra como se humaniza Deus e se diviniza o homem. Nela, a humanidade
acolheu Deus e nela Deus é humanidade. Aquele pequenino envolto em fraldas,
aquela criança com as feições de Maria, que com ela aprendeu a falar e a andar
é Deus feito homem, transformação da história dos homens.
•
Francisco e Clara contemplavam em Maria o mistério da encarnação, sem separar
Jesus de sua Mãe. Porque, sem essa mulher, o Cristo seria um maravilhoso
salvador sem bases históricas (humanidade), pois é nela que se encontram a
divindade e a humanidade.
•
Clara se comove porque “tão grande e glorioso Senhor quis descer ao seio da
Virgem” (1Ct IP, 19). Francisco
transborda de reconhecimento pela mulher que tornou possível a descida de Deus
e da qual “recebeu verdadeiramente, em seu seio, o corpo da nossa frágil
humanidade” (C. Fiéis 1,4). NA MISSÃO DE DEUS COM MARIA
• A
contemplação da vida de Maria parece ter alimentado toda a vida evangélica de
Francisco e Clara: ela foi a primeira criatura humana a acolher o Reino de
Deus. Essa é a base de toda a missão, pois Maria ensina tanto a acolher o Reino
de Jesus como a fazê-lo nascer no coração de cada um.
•
Francisco recordava Nossa Senhora como uma missionária percorrendo estradas com
Jesus e os apóstolos. Ele a via pobre como Jesus, mas também como senhora e
rainha como seu Filho será rei e senhor. Maria, nossa irmã, representou toda a
humanidade acolhendo a Redenção.
•
Francisco e Clara plantaram entre seus filhos e filhas a convicção do Reino no
coração dos desprotegidos, justamente por serem tão unidos à Mãe do Povo de
Deus. Foi Maria quem os ensinou a partir do vazio da pobreza, unir-se a Deus no
mais perfeito amor e ser “mães” de cada um dos pequenos seguidores de Jesus,
ricos do seu sonho do Reino da Boa Nova. Esse sonho é possível a todos, porque
na verdade o Reino de Deus começa no coração de cada um.
CONCLUSÃO – PARA REFLETIR E MEDITAR•
Da contemplação de Maria, Francisco e Clara descobriram um caminho, um modo de
ser e de viver. Minha vida de oração/contemplação está me conduzindo por um
caminho de comunhão mais verdadeira com Deus, com as pessoas e com as
criaturas?• A oração/contemplação conduz necessariamente à conversão, ao
seguimento e à configuração com Cristo. Ele está vivendo em mim? Sou capaz de
descobri-lo, servi-lo e amá-lo nas pessoas e situações todas da vida.
•
Minha vida é um “espelho” que reflete a vida e a presença do amor de Deus? Como
está meu testemunho de Cristo?
Frei Regis Daher, OFM
"Fale pouco e faça muito."
O Silêncio de Maria
De modo algum podemos imaginar Maria como a
mulher omissa, submissa e reduzida ao silêncio. No coração da vida, a
reconhecemos como a portadora e a serva da Palavra. “Do silêncio
contemplativo de Maria nasce a capacidade de dizer “SIM” a Deus” (Carlo Maria
Martini). É este seu “sim”, nascido no silêncio, que marca a plenitude dos
tempos (Gl 4,4). Maria é a imagem e começo da nova criatura.
A grandeza de uma pessoa não se mede pelo
esplendor de suas obras, nem pela quantidade de palavras, mas pela contínua,
silenciosa e humilde fidelidade à sua missão, à comprometedora palavra
recebida. Maria é mulher de poucas palavras. No Evangelho fala apenas quatro
vezes: No anúncio do Anjo; quando entoa o magnificat; quando encontra Jesus no
templo e em Cana da Galiléia.
Depois que recomendou aos servos para que
fizessem o que Jesus lhes dizia, Maria se cala. Mas o seu silêncio não é
ausência de voz, nem vazio de quem nada mais tinha a comunicar. Ela se torna o
ventre que acolhe e cuida da Palavra. O silêncio de Maria a torna a serva da
Palavra.
Um dos últimos versículos da carta de Paulo aos
Romanos nos oferece uma chave de entendimento do silêncio de Maria. O texto
fala de Jesus Cristo como “revelação do mistério mantido em silêncio desde
sempre” (Rm 16, 25). A Palavra de Deus no seio da eternidade estava revestido
de silêncio. Entrando no seio da história, é gerado no silêncio do ventre de
Maria. Ela se tornou a mediadora do Verbo feito carne que veio habitar no meio
de nós.
Uma das questões curiosas em relação à Maria é
que nunca se ouviu falar que ela tenha saído às ruas para fazer propaganda de
seu Filho, nem mesmo tenha se atrevido a dizer em público o que no aconchego de
sua casa era falado ou acontecia. Um grande teólogo René Voillaume nos afirma:
“A Santa Mãe não pregou publicamente. Deveis crer que ela tinha não menor
desejo do que vós de tornar seu Filho conhecido. Porém escolheu o silêncio como
sua maior pregação”.
Hoje nos vemos como filhos da era da comunicação
e nossa comunicação é tão pobre, porque desprovida da Palavra. De muitos modos
nos sentimos assediados por palavras. Circulam em nossos ouvidos tantas palavras
vazias, tantas mentiras embrulhadas em verdades e tantas verdades vendidas por
mentiras.
O silêncio de Maria também foi acompanhado, como
o de Cristo na cruz, pelo silêncio de Deus. Para nós, também não faltam os
momentos em que entramos na dura prova do silêncio de Deus, quando chegam as
crises, as doenças e até mesmo a proximidade da morte. Quando o céu não
responde ao nosso grito e o medo nos coloca em situação de abandono, é nesta
hora que se rompe o silêncio para nos dizer palavras de amor. É ali que o grão
de trigo caído na terra germina para dar frutos e o hino de Páscoa vem ressoar
como possibilidade segura de um final feliz. Frei Luiz Turra, OFMCap
http://www.paroquiasantoantoniodopartenon.org/index.php/paroquia/mensagem-do-paroco/215-o-silencio-de-maria
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