Dia de Cristo Rei e Santa Catarina de Alexandria
Ó Cristo Jesus, eu vos reconheço
como Rei universal. Tudo o que foi feito, para vós foi criado. Exercei sobre mim todos os vossos
direitos. Renovo as minhas promessas do
batismo, renunciando a satanás, às suas pompas e às suas obras; prometo viver
como bom cristão. E mui particularmente
empenhar-me-ei a fazer triunfar por todos os meios a meu alcance os direitos de
Deus e da vossa Igreja. Divino Coração
de Jesus, ofereço-vos as minhas pobres ações para alcançar que todos os
corações reconheçam a vossa realeza sagrada, e que por esse modo o reino da
vossa paz se estabeleça em todo o mundo.
Assim seja.
Devocionário Franciscano - pág. 268/269 FFB e Ed. Vozes.
Foto: Altar da Igreja de Santa Catarina de Alexandria
No dia 25 de novembro de 2012: Celebração de Cristo Rei e de Santa Catarina de
Alexandria na Igreja de Santa Catariana – Rua Senador Pompeu 206 – Centro/RJ
Visitamos a nossa a irmã Isabel
Salles no Lar da Venerável Irmandade da Imaculada Conceição, sua moradia há
mais de três anos. O lar fica ao lado da Igreja, onde aproveitamos o dia
festivo para almoçar com a mesma e com os demais paroquianos e agradecer a Deus por mais um ano de de cuidado e de acolhida de nossa irmã naquele local.
Isabel e Pe. José Geraldo

Celebramos com a Santa Missa e agora passamos a fazer abaixo uma pequena homenagem ao Estado de Santa Catarina, que nos dá a graça do convívio e de termos tantos irmãos Frades Menores da Província da Imaculada Conceição do Brasil, que são filhos e originários daquelas terras.
Imagem que todos os anos saí na procissão de Santa Catarina
pelas ruas dos arredores da Central do Brasil - Centro/RJ
Oração Atribuída à Santa Catarina
Senhor
Jesus, dou-vos graças por terdes firmado meus pés sobre a rocha e por terdes
dirigido meus passos. Estendei-me estas
vossas mãos que por mim foram feridas na cruz e recebei minha alma em prova de
fidelidade eu vos ofereço.
Lembrai-vos,
Senhor, que não passamos de carne e sangue.
Não permitais que seja acusada, quando em vosso tribunal, dos pecados
que cometi por ignorância. Purificai-me
das manchas que me marcam, em vista do sangue que por vos derramarei. A todos quantos vos invocarem por minha
intercessão, concedei-lhes a realização de todos os seus pedidos, enquanto
forem úteis às suas almas, para que assim sejais louvado e bendito pelas vossas
obras, no tempo e na eternidade. Assim
seja.
Santa
Catarina é considerada padroeira dos estudantes, filósofos e professores e
também invocada pelos que trabalham com rodas e contra acidentes de trabalho.
No Brasil, é a padroeira principal do Estado e da Ilha de Santa Catarina e
co-padroeira da Catedral metropolitana de Florianópolis.
Decreto que
constituiu Santa Catarina V. M.
padroeira principal da Diocese de Florianópolis
padroeira principal da Diocese de Florianópolis
considerando que os Fiéis
habitantes da cidade de Florianópolis (outrora Desterro), fundada no começo do
século dezessete ou, melhor, todo o povo daquela região escolhera e honrara a
mesma Santa Catarina como principal Padroeira, faltando apenas os documentos ou
confirmação de tal escolha;
considerando que o Exmo.Mons.
Joaquim Domingues de Oliveira, Bispo de Florianópolis, por ocasião do primeiro
centenário da Independência, que com grande solenidade será celebrado pelo povo
Brasileiro no próximo mês de Setembro, expondo os desejos do Clero e das
pessoas mais representativas da sua Diocese, com instantes preces rogou
ao Santíssimo Padre Pio XI que se dignasse declarar Santa Catarina Virgem
Mártir como principal Padroeira de toda a Diocese de Florianópolis e Co-titular
da Igreja Catedral (cujo titular é a Fuga de N.S.Jesus Cristo):
Sua Santidade, anuindo de coração a estas preces que lhe foram apresentadas
pelo infra-escrito Cardeal Prefeito da Congregação dos Ritos, usando de sua
autoridade suprema, declarou
e constituiu Santa Catarina Virgem e Mártir Padroeira principal da Diocese de
Florianópolis e
Co-titular da Igreja Catedral com
o mistério da Fuga de N.S. Jesus Cristo, com
todos os privilégios e honorificências atribuídos à mesma Padroeira e
Co-titular, que por direito competem aos principais Padroeiros de lugares e
Titulares de Igrejas.
Revogadas quaisquer disposições em
contrário.
26 de Julho de 1922.
+ A. Cardeal Vico, Bispo de Porto
(Itália),
Prefeito
Alexandre Verde, S
Secret. da S.C.R.
Prefeito
Alexandre Verde, S
Secret. da S.C.R.
A bandeira do estado de
Santa Catarina foi instituída inicialmente pela lei nº 126 de 15 de agosto de
1895, a mesma lei que instituiu o brasão do estado de Santa Catarina durante o
governo de Hercílio Luz, e tinha como autor José Boiteux.
Pelo artigo 3º daquela
lei, a bandeira de Santa Catarina era composta de faixas brancas e vermelhas
dispostas horizontalmente em número igual ao das comarcas do Estado e de um
losango verde colocado no centro da bandeira, dentro do qual havia estrelas de
cor amarela, correspondentes aos municípios do estado.
Durante o Estado Novo,
Getúlio Vargas suspendeu o uso de símbolos estaduais, incluindo a Bandeira e as
Armas, através da constituição brasileira de 1937 e do Decreto-lei nº 1.202 de
8 de setembro de 1939. Só em 29 de outubro de 1953 a Lei estadual nº 975,
sancionada pelo governador Irineu Bornhausen (regulamentada em 19 de fevereiro
de 1954 pelo Decreto nº 605) revitaliza o uso dos símbolos estaduais. Essa lei
também alterou o desenho da Bandeira, baseando-se no desenho original, e que se
mantém até hoje.
Após a alteração, a
bandeira de Santa Catarina passou a ser composta de três faixas horizontais idênticas,
sendo as das extremidades vermelhas e a do centro branca; sobre as faixas, um
losango verde-claro que representa a cor de Santa Catarina de Alexandria,
padroeira do estado. A mesma Lei estabeleceu também a Bandeira do Estado. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_de_Santa_Catarina
A padroeira de Santa Catarina
No dia 25 de novembro celebra-se
o Dia de Santa Catarina de Alexandria, a padroeira da Ilha de Santa Catarina e
do Estado. É também considerada padroeira dos estudantes, filósofos,
professores e também invocada pelos que trabalham com rodas e contra acidentes
de trabalho.
Não são muitos os dados
históricos que temos a respeito de Santa Catarina de Alexandria. Segundo
tradições orientais, seria filha de uma família distinta, de posses e instruída.
Seu martírio, em testemunho de sua fé cristã e em defesa de sua virgindade, é
situado no início do século 4, na cidade de Alexandria, durante a perseguição
dos cristãos na época do imperador Maximino.
Alexandria, na época,
pertencia à província romana do Egito. Na presença de Maximino, ela apontou a
limitação do imperador, por crer em falsos deuses, e afirmou que seu Deus era o
único realmente vivo e que seu rei era Jesus Cristo. O imperador mandou
prendê-la no cárcere, até que viessem os 50 maiores sábios do mundo e a
humilhassem quanto à sua argumentação aparentemente simples.
Quando chegaram, os
sábios riram do imperador, por tê-los convocado para contra-argumentar com uma
garota. Mas o imperador os advertiu que, se conseguissem convencê-la, ele os presentearia
com os melhores bens do mundo, mas se não conseguissem, os condenaria à morte.
Catarina foi tão sábia nos seus argumentos, que os sábios não conseguiram
convertê-la. Vencidos pela eloquência de Catarina converteram-se ao
cristianismo.
Frustrado, o imperador
mandou prender e torturar Catarina na masmorra. Visitada na prisão pela esposa
do imperador e pelo chefe de sua guarda, Catarina os converteu, fazendo o mesmo
com inúmeros soldados. Mais enfurecido ainda, o imperador mandou assassinar os
sábios e sua esposa, lançou os guardas aos leões no Coliseu e condenou a santa
à morte lenta na roda. Mas quando foram amarrar Catarina na roda, ela fez o
sinal da cruz e a roda quebrou. Por fim, Catarina morreu decapitada, mas, ao
invés de sangue, saiu leite e, por isso, as mães que amamentam recorrem também
a sua intercessão.
As relíquias da santa
encontram-se no mosteiro que leva seu nome, no Monte Sinai: Mosteiro de Santa
Catarina, no monte Gêbel Musa, a 2.300 metros de altitude. Que Santa Catarina
interceda junto a Deus por nós, moradores desta “Bela e Santa Catarina”.
DOM
IRINEU ROQUE SCHERER, BISPO DIOCESANO DE JOINVILLE
A História de Santa
Catarina
Catarina
vem da junção: "Catha", que significa total, e "ruin" que
significa ruína: portanto, "ruína total". Realmente, o prédio do
diabo foi totalmente demolido dentro de Santa Catarina: o edifício do orgulho,
destruído pela sua humildade, aquele da concupiscência carnal, pela virgindade
que ela preservou, e aquele da cobiça terrestre, pelo menosprezo a todo tipo de
bens mundanos.
O nome Catarina pode
vir ainda de "catenula", uma pequena corrente: através de seus bons
trabalhos, ela formou para si uma corrente pela qual subiu até o Céu. Esta
corrente ou escada, possui quatro degraus, que são: a inocência de ação, pureza
de coração, desprezo pela vaidade e a verdade. As propostas destes degraus, um
a um são:
— «Quem subirá à
montanha do Senhor?...o que tem mãos limpas e puro de coração, que não conduziu
em vão sua alma, nem testemunhou em falso enganando seu próximo».
Como estes quatro
degraus estavam presentes na santificada vida de Catarina, tornar-se-á claro, à
medida que lemos sua história.
Catarina, a filha do
Rei Costus, foi bem instruída em todos estudos liberais [*]. Quando Catarina
tinha dezoito anos, o imperador Maxentius convocou a todas pessoas, tanto ricos
como os pobres a irem a Alexandria a fim de oferecer sacrifícios aos ídolos, e
perseguia os cristãos que se recusavam a fazê-lo. Nesta época, Catarina morava
sozinha num palácio repleto de tesouros e com muitos criados, ouviu os berros
dos animais e as aclamações dos cantores e depressa enviou um mensageiro para
descobrir o que se passava.
Ao tomar conhecimento
dos fatos, reuniu algumas pessoas do palácio e protegendo-se com o Sinal da
Cruz , saiu e viu muitos cristãos preparando-se para oferecer sacrifícios por
terem medo de morrer. Lamentando profundamente o que viu, ela encaminhou-se
corajosamente a frente do imperador e disse-lhe:
— «Ambos, a dignidade
de sua posição e os ditames da razão, me aconselharam a lhe saudar oh
imperador, se reconhecer o Criador dos Céus e renunciar à adoração de falsos
deuses».
Colocando-se na entrada
do templo, ela discutiu longamente com o imperador através do raciocínio
silogístico, bem como por alegorias e metáforas e, inferências lógicas e
místicas. Então, revertendo a linguagem coloquial acrescentou:
— «Eu me preocupei em
propor-lhe estes pensamentos como uma pessoa sábia, mas permita-me
perguntar-lhe: por que reuniu vaidosamente esta multidão para adorar a
estupidez de ídolos? O senhor fica maravilhado perante este templo construído
pelas mãos dos artesãos. O senhor admira ornamentos preciosos que, com o tempo,
serão como a poeira que se desfaz diante da face do vento. Maravilhe-se do
mundo, da terra e o mar e tudo que existe neles. Maravilhe-se diante dos seus
ornamentos, o sol, a lua a as estrelas e tudo quanto eles fazem - como desde o
princípio do mundo até seu fim, de noite e de dia, eles correm ao oeste, voltam
para o leste, sem nunca se cansarem. Tome nota de todas estas coisas, para
então perguntar e aprender, quem é mais poderoso que eles; e quando por graça
dEle, chegar a conhecê-lo sem conseguir encontrar nada, ninguém que se
assemelhe, adore-o, dê-lhe glórias, pois Ele é o Deus dos deuses e o Senhor dos
senhores»
Ela continuou discursar
intensiva e sabiamente a respeito da encarnação do Senhor.
O imperador ficou tão
atônito, que não podia lhe responder. Mas, ao recuperar-se, disse:
— «Por favor, ó
senhora, deixe-nos terminar o nosso sacrifício, e depois voltaremos a esta
discussão»
Ele ordenou que a
acompanhassem de volta ao palácio, onde ela permaneceu sob forte guarda.
O imperador ficou
assombrado de admiração pelo seu conhecimento e pela sua beleza. Realmente ela
era linda de se ver, era de uma beleza inacreditável e vista por todos como,
admirável e graciosa.
O imperador então foi
ao palácio e disse à Catarina:
— «Ouvimos sua
eloqüência e admiramos seus conhecimentos, mas estávamos tão compenetrados em
adorar nossos deuses, que não conseguimos acompanhar tudo o que disse. Agora,
comecemos por ouvir a respeito de sua antecedência»
Respondeu Santa
Catarina:
— «Está escrito, que
não se deve falar de si, nem por meio de elogios, nem por depreciação; as
pessoas tolas assim o fazem pelo prazer da glória oca. Mas atesto sobre minha
origem, não com presunção, mas com amor e humildade. Sou Catarina, filha única
do Rei Costus, embora nascida dentro da realeza e bem instruída nas disciplinas
liberais, dei as costas a tudo isso e refugiei-me no Senhor Jesus Cristo. Os
deuses que você adora, não podem ajudar nem a si próprios, nem a mais ninguém.
Ó devotos infelizes de ídolos que, quando chamados na hora da necessidade, não
estão presentes; que não oferecem nenhum socorro na tribulação, nenhuma defesa
no perigo!»
Ao que respondeu o
imperador:
— «Se as coisas são
como você diz que são, então está enganado o mundo inteiro e apenas você fala a
verdade! Entretanto, visto que cada palavra se confirma pela boca de duas ou
três testemunhas, ninguém precisaria dar-lhe crédito, mesmo que fosse um anjo
ou outra potência celestial, e muito menos em vista de, obviamente, não ser
mais do que uma mulher frágil!»
A isto Catarina
respondeu:
— «Eu lhe imploro, ó
César, não se deixe levar pela ira, visto que a perturbação calamitosa inverte
a mente de um homem sábio, pois como diz o poeta : se for regido pela mente és
rei, se pelo corpo és escravo».
Disse então o
imperador:
— «Vejo que agora está
determinada a nos apanhar através de sua astúcia pérfida, à medida que tenta
prolongar esta discussão citando os filósofos».
Maxentius compreendeu
então, que não podia competir com o conhecimento de Catarina e secretamente
enviou cartas a todos os mestres de lógica e retórica, ordenando a comparecerem
rapidamente a corte de Alexandria, com a promessa de recompensas vultuosas, se
pudessem superar esta fêmea demagoga com seus argumentos. Cinqüenta oradores,
que superaram todos os mortais em todas as linhas do conhecimento humano,
vieram de várias províncias e uniram-se. Foram ter com o imperador, a razão de
sua convocação de lugares tão longínquos, aos quais ele respondeu:
— «Temos aqui uma
donzela sem igual tanto em compreensão como em prudência . Ela refuta todos os
sábios e declara que nossos deuses são demônios. Se puderem superá-la, voltarão
para casa ricos e famosos».
Neste instante, um dos
oradores exclamou, com a voz trêmula de indignação:
— «Ó profundo,
pensamento profundo do imperador, que devido a uma disputa insignificante com
uma donzela, reuniu sábios dos confins da terra, quando qualquer um dos nossos
discípulos poderia tê-la silenciado com a maior facilidade!».
Mas o César retorquiu:
— «Eu poderia realmente
tê-la forçado a oferecer sacrifícios, ou livrar-me dela com a tortura, mas
achei melhor que fosse refutada de uma vez por todas de seus argumentos»
Então disseram-lhe os
mestres:
— «Traga a donzela
perante nós! Que ela sinta vergonha de sua imprudência, que ela reconheça não
ter antes visto homens sábios!»
Quando informaram à
Catarina a respeito da disputa que a aguardava, ela se entregou inteiramente a
Deus e imediatamente, um anjo do Senhor colocou-se ao seu lado e admoestou-a a
permanecer firme assegurando-lhe ser impossível que ela fosse derrotada por
estas pessoas; e mais ainda, ela as converteria e as colocaria no caminho do
martírio. Então, Catarina foi levada à presença dos oradores. Indagou ela:
— «É justo colocar
cinqüenta homens contra uma moça, com a promessa de que, ao ganhar, receberão
uma rica recompensa, forçando-me a lutar sem a esperança de prêmio?...
entretanto, minha recompensa será o Senhor Jesus Cristo, que é a esperança e a
coroa daqueles que lutam por Ele».
Iniciou-se o debate, e,
quando disseram os oradores ser impossível para Deus tornar-se homem ou sofrer,
Catarina mostrou ter sido isto já previsto, mesmo por pagãos! Platão mostrou um
Deus assediado e mutilado. Sibila, também dizendo: "- Feliz é o Deus que é
suspenso em uma árvore alta!" e a virgem prosseguiu a contradizer os
oradores com extrema habilidade e os refutou com um raciocínio claro e
convincente, até o ponto que eles, não encontraram mais respostas, reduzindo-se
tudo ao silêncio.
Este fato provocou
novas manifestações de ira por parte do imperador, que passou a insultar os
oradores, por deixarem que uma menina os fizesse de bobos. Um dentre eles, o
decano, manifestou-se:
— «Deverá saber, ó César,
que ninguém jamais foi capaz de nos enfrentar e não ser derrubado de imediato,
porém, esta jovem mulher pela qual o Espírito de Deus fala, nos respondeu de
uma maneira tão admirável, que, ou não sabemos o que dizer contra Cristo, ou
tememos dizer qualquer coisa! - Portanto, ó imperador, declaramos firmemente
que, a não ser que possa propor uma opinião mais sustentável a respeito dos
deuses que até agora adoramos, seremos todos convertidos a Cristo!»
Ao ouvir isto, o
imperador enfurecido, fora de si, ordenou que queimassem todos no meio da
cidade. Com palavras de encorajamento a virgem fortaleceu-os diante da
resolução de martírio, diligentemente os instruiu na fé. Quando ficaram
preocupados porque morreriam sem terem sido batizados, ela lhes disse:
— «Não tenham medo, o
derramamento de seu sangue, contará a seu favor como batismo e coroa!»
Protegeram-se com o
Sinal da Cruz e foram lançados às chamas, entregando assim suas almas ao
senhor. Aconteceu que, nenhum fio de cabelo de suas cabeças, nem um fragmento
de seus vestuários, foi sequer chamuscado pelo fogo. Em seguida os cristãos os
enterraram.
O tirano então se
dirigiu à virgem:
— «Ó donzela nascida da
nobreza, pense na sua juventude. No meu palácio estará em segundo lugar, logo
após a rainha. Erguer-se-á no centro da cidade, sua imagem; será adorada por
todos como uma deusa!»
Ao que exclamou
Catarina:
«"Pare de falar
tais coisas! É um crime, mesmo só em pensá-las! Eu me entreguei como noiva de
Cristo, e Ele é minha glória, Ele é meu amor, minha doçura e meu deleite. Nem
louvores, nem torturas me afastarão de Seu amor!»...
Voltou então, a
manifestar-se toda a ira do imperador, ordenando então, que ela fosse
trancafiada durante doze dias em uma cela escura, onde ela padeceu com dores e
fome.
O imperador então, saiu
da cidade a fim de cuidar de assuntos do Estado.
Ao anoitecer, a rainha
abrasada pelo amor, resolveu ir apressadamente a cela da virgem acompanhada do
capitão da guarda cujo o nome era Porphyrius. Ao entrar, a rainha viu que a
cela estava cheia de uma luz indescritível e que os anjos, cuidavam das feridas
da virgem.
Imediatamente, Catarina
começou a lhe pregar sobre as alegrias do céu, convertendo-a à fé; predisse-lhe
que ela, a rainha, receberia a coroa de mártir. Assim, conversaram até depois
da meia noite. Porphyrius, após ter ouvido tudo, jogou-se aos pés da santa e
juntamente com duzentos soldados, reconheceu a fé em Cristo. Ainda, visto ter o
tirano ordenado que Catarina ficasse durante doze dias sem alimento, Cristo
enviou do céu uma pomba resplandecente restaurando-a com viveres celestiais
durante aqueles dia. Eis que então apareceu-lhe o Senhor com uma multidão de
anjos e virgens e lhe disse:
— «Ó filha, reconhece o
seu Criador, em cujo nome você submeteu-se a um conflito árduo. Seja
perseverante pois estou contigo!»
Na sua volta, o
imperador mandou trazer Catarina à sua presença. Esperava encontrá-la esgotada
pelo jejum prolongado, mas, ao invés disto, viu-a ainda mais radiante. Pensando
ter sido ela alimentada por alguém, ficou tão furioso que mandou torturar os
guardas. Entretanto a virgem lhe disse:
— «Não recebi alimento
de nenhum homem, porém o Cristo me alimentou através de um anjo».
O imperador insiste:
— «Considere minha
advertência, eu lhe imploro, não me apresente mais suas respostas duvidosas.
Não desejamos ganhá-la como mera criada, será uma rainha poderosa dentro do meu
reino, escolhida honrada, triunfante!»
Catarina coloca:
— «Agora você, preste
atenção; eu imploro, e, depois de uma consideração ponderada à minha pergunta,
dê uma decisão honesta: - Quem deveria eu escolher: um que é poderoso, eterno,
glorioso e honrado, ou um que é fraco, mortal, ignóbil e feio?»
Indignado Maxentius
retorquiu:
— «Agora escolha um ou
outro para você : oferecer sacrifícios e viver, ou submeter-se à tortura aguda
e morrer!»
Catarina responde:
— «Quaisquer tormentos
que tenha em mente, é perda de tempo. Meu único desejo é oferecer minha carne e
meu sangue a Cristo como Ele se ofereceu a mim. Ele é meu Deus, meu amante, meu
pastor e meu único esposo».
Um certo prefeito
instigou o monarca a preparar dentro de um prazo de três dias, quatro rodas com
serras de ferro e pregos de ponta afiada embutidos, para desta forma, com estes
instrumentos horríveis, estraçalhar a virgem, deixando assim aterrorizados o restante
dos cristãos, com uma morte tão terrível. Além disto, mandou que duas das rodas
rodassem em uma direção, e as outras duas na direção oposta, de modo que a
donzela seria rasgada, mutilada pelas duas rodas que se aproximariam dela por
cima e mastigada pelas outras duas que viriam por baixo. Mas, a santa virgem
rezou ao Senhor para que destruísse o engenho pela glória de Seu nome e pela
conversão do povo ao redor; então, imediatamente um anjo do Senhor golpeou o
engenho com tanta força que o destruiu, ocasionando a morte de mil pagãos.
A rainha que até então
não se mostrara, observara de um lugar elevado os acontecimentos. Desceu e
repreendeu severamente o imperador pela crueldade. O imperador enfureceu-se e
quando, ainda a rainha recusou-se a oferecer sacrifícios, ordenou que primeiro
lhe fossem arrancados os seios, para depois cortarem-lhe a cabeça.
Ao ser levada para seu
martírio, rogou a santa Catarina que rezasse a Deus por ela. Disse-lhe a santa:
— «Não temas, ó rainha
amada por Deus, pois hoje ganhará o reino eterno no lugar do transitório e um
esposo imortal ao invés de um mortal».
A rainha assim
fortalecida em sua resolução, exortou os carrascos a não demorarem na execução
das ordens. Eles a conduziram para fora da cidade, arrancaram-lhe os seios com
lanças de ferro e depois cortarem-lhe a cabeça. Porphyrius, pegou o seu corpo e
o enterrou.
No dia seguinte, quando
sem êxito procurou-se o corpo da rainha, o tirano ordena que se interroguem
muitos sob tortura. Porphyrius apareceu repentinamente e declarou:
«Sou eu a pessoa que
enterrou a criada de Cristo e aceita a fé cristã!»
Maxentius, fora de si,
emitiu um rugido terrível e exclamou:
— «Ai de mim, miserável
como sou e digno de piedade por todos, agora até Porphyrius, único guardião da
minha alma e conforto em toda minha labuta; até mesmo ele foi enganado!»
Dito isto, voltando-se
para seus soldados, eles prontamente responderam:
— «Nós também somos de
Cristo, estamos prontos para morrer!»
O imperador, embriagado
de fúria, mandou decapitar a todos, junto com Porphyrius, para depois atirar
seus corpos aos cães. Em seguida mandou chamar Catarina e lhe disse:
— «Mesmo que tenha
usado de artifícios mágicos para levar a rainha à morte, se agora já voltou ao
bom senso, será a primeira dama dentro do meu palácio. Hoje portanto oferecerá
sacrifício aos deuses ou perderá a cabeça».
Sua resposta foi:
— «Faça qualquer coisa
que tenha em mente fazer. Encontrar-me-á preparada para agüentar qualquer coisa
que seja!»
Ela foi então condenada
à morte por decapitação.
Ao ser levada para o
lugar de execução, levantou os olhos ao céu e rezou:
— «Ó esperança e glória
das virgens, Jesus, o bom Rei, rogo-lhe que qualquer um que prestar homenagem à
minha paixão, ou que me invocar no momento da morte ou de qualquer necessidade,
receba o benefício da Tua bondade».
Ouviu-se uma voz que
lhe disse:
— «Venha amada, minha
esposa e veja! Os portões do céu abriram-se para você e para aqueles que
celebrarem a sua paixão com as mentes devotas. Prometo a ajuda do céu para o
que me pediste em oração»
Quando a santa foi
decapitada, fluiu leite de seu corpo ao invés de sangue. Os anjos pegaram seu
corpo e o levaram daquele lugar numa viagem de vinte dias até o Monte Sinai,
onde foi enterrada com honras. (Emana ainda, continuamente de seus ossos, um
óleo que recupera os membros de todos aqueles que são fracos.)
Ela sofreu sob o tirano
Maxentius ou Maximinus, cujo reinado iniciou-se a redor de 310 D.C.. Como foi
punido Maxentius por este e outros crimes, é contado no livro «História do
Encontro da Cruz Sagrada».
Diz-se que um certo
monge de nome Rauen, viajou ao Monte Sinai e lá permaneceu durante sete anos,
dedicando-se ao serviço de Santa Catarina. Rezava para que fosse digno de
receber uma relíquia de seu corpo. De repente partiu-se um dos dedos da mão da
santa. O monge recebeu a dádiva de Deus com alegria e o levou para o mosteiro.
Diz-se também, que um
homem que dedicara-se a santa Catarina e que muitas vezes lhe suplicava ajuda,
tornou-se descuidado com o decorrer do tempo, perdendo sua devoção, não rezava
mais para ela. Então de uma feita, quando rezava, teve uma visão de uma
procissão de virgens que passava, dentre elas, uma aparecia mais resplandecente
que as outras. Quando ela estava muito próxima a ele, cobriu o rosto, passando
assim na sua frente com o rosto velado. Por ter ficado profundamente
impressionado com sua beleza, ele perguntou quem era ela, ao que uma das
virgens respondeu:
— «Aquela é Catarina,
que você conhecia, mas agora, que parece não conhecê-la, ela passou com o rosto
velado como uma desconhecida»
Vale notar que a
abençoada Catarina é admirável sob cinco aspectos: primeiro, em sabedoria,
segundo, em eloqüência, terceiro em constância, quarto na pureza da castidade e
quito na dignidade privilegiada.
Ela é vista como
admirável primeiramente, pois possuía todo tipo de filosofia.
A filosofia ou
sabedoria se divide em teórica, prática e lógica. A teórica, segundo alguns
pensadores, se divide em três partes - a intelectual, a natural e a matemática.
Santa Catarina possuía no seu conhecimento dos mistérios divinos, conhecimento
este que ela usou especialmente nos seus argumentos contra os retóricos, aos
quais ela provou existir um Deus único e aos quais convenceu de que todos os
outros deuses eram falsos.
Ela possuía a filosofia
natural dentro de seu conhecimento de todos os seres abaixo de Deus,
conhecimento este que ela usou nas suas diferenças com o imperador, como já
vimos. A matemática demonstrou por seu desdém às coisas terrenas, pois de
acordo com Boethius, esta ciência se preocupa com as formas abstratas,
imateriais. Santa Catarina toma, adquire este conhecimento, quando afastou sua
mente do amor material. Mostrou que o possuía quando, em resposta à pergunta do
imperador sobre suas origens, ela respondeu: "Sou Catarina, filha do Rei
Costus. Embora nascida na realeza..." e assim por diante; e a usou
principalmente com a rainha, quando a encorajou a desprezar o mundo, a pensar
pouco em si própria e a desejar o reino do céu.
A filosofia prática se
divide em três partes, ou seja, a ética, a econômica e a pública ou política. A
primeira ensina como fortalecer o comportamento moral e se adornar com
virtudes, e, se aplica às pessoas como indivíduos; a segunda, ensina como
colocar a vida da família dentro de uma boa ordem, se aplica ao pai como cabeça
da família; a terceira, ensina como governar bem uma cidade, o povo e a
comunidade, e, se aplica aos governantes.
Santa Catarina possuía
este triplo conhecimento; o primeiro, visto que organizou a vida de acordo com
o padrão moralmente correto, o segundo que regeu de uma maneira louvável o
grande estabelecimento doméstico que ela herdou; o terceiro quando ela passou
seus conhecimento ao imperador, instruindo-o sabiamente.
A filosofia lógica
também se divide em três partes: a demonstrativa, a provável e a sofistica. A
primeira pertence ao filósofos, a segunda aos retóricos, a terceira aos
sofistas.
Catarina possuía este
triplo conhecimento, visto que foi escrito que ela discutiu com o imperador
sobre muitos assuntos através de uma variedade de conclusões silogística,
metafórica, dialética e mística.
Em segundo lugar, a
eloqüência de Catarina é admirável; era abundante quando pregava, como pudemos
observar, extremamente convincente em seu raciocínio como quando fala ao
imperador: "- O senhor fica maravilhado perante este templo construído
pelas mãos dos artesãos." O poder de sua fala fica claro nos casos de
Porphyrius e da rainha, a quem a doçura de sua eloqüência, atraiu à fé. Era
habilidosa em convencer, como vimos ao conquistar os oradores.
Em terceiro lugar,
consideremos sua constância: Era constante em face às ameaças, indo de encontro
a elas com desdém, como quando o imperador a ameaçou e ela respondeu:
— «Quaisquer tormentos
que tenha em mente, é perda de tempo." ou novamente, "- Faça qualquer
coisa que tenha em mente fazer. Encontrar-me-á preparada...»
Era firme ao tratar-se
de oferta de dádivas, que ela desprezava, como observamos quando o imperador
prometeu colocá-la em segundo lugar em seu palácio, tendo somente a rainha
acima dela, e ela respondeu:
— «Pare de falar tais
coisas! É um crime, mesmo só em pensá-las!»
Demonstrou ainda sua
constância sob tortura, superando-a, como notamos quando foi encarcerada ou
estava na roda.
Em quarto lugar,
Catarina era admirável pela sua castidade que ela preservou, mesmo em meio a
condições que normalmente a colocaria em risco. Há cinco condições de risco
presentes, tais como: a riqueza material, que esmorece a resistência, a
oportunidade, que convida à indulgência, a juventude, que se tende à
licenciosidade, a liberdade que isenta a restrição e, a beleza que seduz.
Catarina teve todas estas condições e mesmo assim, preservou sua castidade.
Tinha abundante riqueza material herdada dos pais; tinha oportunidade de ser patroa
cercada por serviçais o dia todo; tinha juventude e liberdade vivendo em seu
palácio sozinha.
Destas quatro condições
dizia-se acima de tudo, que Catarina, quando tinha dezoito anos, morava sozinha
num palácio e repleto de tesouros e servos. Ela era bela como foi relatado:
"- Realmente ela era linda de se ver, era de uma beleza inacreditável.
Finalmente, era
admirável pela dignidade privilegiada. Alguns santos receberam privilégios
especiais: por exemplo, a visitação de Cristo (São João, o Teólogo), fluxo de
óleo (São Nicolau), efusões (São Clemente) e, a audição de petições (Santa
Margarida de Antioquia, quando rezou por aqueles que honrassem sua memória). A
história de Santa Catarina, mostra que possuía todos estes privilégios.
Algumas pessoas levantaram
dúvidas se o martírio de Santa Catarina aconteceu sob o reinado de Maxentius ou
de Maximinus. Neste período, havia três imperadores, a saber, Constantino, que
sucedeu seu pai como imperador, Maxentius, o filho de Maximianus, nomeado
imperador pela guarda pretoriana em Roma e Maximinus, que se tornou césar em
parte do leste. De acordo com as crônicas, Maxentius tiranizou os cristãos em
Roma, Maximinus no leste. Parece então, como afirmam alguns autores, que um
erro do escritor, pode ser a razão de colocar Maxentius no lugar de Maximinus.
Nota:
[*] Nota da tradução
português - Artes liberais é o nome dado pelos antigos às disciplinas
consideradas dignas do homem livre e que não tinham por objetivo o ganho ou
lucro.
Salve Santa Catarina de Alexandria
ResponderExcluirAlguém sabe me contar a história da igreja de Santa Catarina da senador Pompeu?
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