Anúncio do Natal
Na Reunião Geral da Fraternidade, ocorrida no último dia 02 de dezembro, nos reunimos irmãos e irmãs no salão de reuniões do Convento de Santo Antônio do Largo da Carioca/RJ, para proclamarmos o "Anúncio do Natal":
A Mensagem Franciscana do Presépio
Segundo a tradição, a
primeira representação visualizada, teatralizada e celebrada de um presépio
aconteceu no ano de 1223, num bosque próximo de Greccio, na Úmbria, região
italiana. Quem tomou esta iniciativa foi Francisco de Assis, e, com isso, ele
passa a ser o primeiro a organizar de um modo plástico a cena da Encarnação do
Filho de Deus.
Não é de se discutir se
o fato é verídico ou legendário, pois Francisco de Assis foi um apaixonado pelo
modo como Deus fez morada no mundo dos humanos, e certamente, mais do que
palavras quis mostrar o maior evento de todos os tempos: na carne de um Menino,
Deus está para sempre no meio de nós. Vejamos o texto das Fontes Franciscanas:
“A mais sublime vontade, o principal desejo e supremo propósito dele era
observar em tudo e por tudo o Santo Evangelho, seguir perfeitamente a doutrina,
imitar e seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo com toda a vigilância,
com todo o empenho, com todo o desejo da mente e com todo o fervor do coração.
Recordava-se em assídua
meditação das palavras e com penetrante consideração rememorava as obras dele.
Principalmente a humildade da encarnação e a caridade da paixão de tal modo
ocupavam a sua memória que mal queria pensar outra coisa. Deve-se, por isso,
recordar e cultivar em reverente memória o que ele fez no dia do Natal de Nosso
Senhor Jesus Cristo, no terceiro ano antes do dia de sua gloriosa morte, na
aldeia que se chama Greccio. Havia naquela terra um homem de nome João, de boa
fama, mas de vida melhor, a quem o bem-aventurado Francisco amava com especial
afeição, porque, como fosse muito nobre e louvável em sua terra, tendo
desprezado a nobreza da carne, seguiu a nobreza do espírito. E o bem-aventurado
Francisco, como muitas vezes acontecia, quase quinze dias antes do Natal do
Senhor, mandou que ele fosse chamado e disse-lhe: ‘Se desejas que celebremos,
em Greccio, a presente festividade do Senhor, apressa-te e prepara
diligentemente as coisas que te digo. Pois quero celebrar a memória daquele
Menino que nasceu em Belém e ver de algum modo, com os olhos corporais, os
apuros e necessidades da infância dele, como foi reclinado no presépio e como,
estando presentes o boi e o burro, foi colocado sobre o feno’. O bom e fiel
homem, ouvindo isto, correu mais apressadamente e preparou no predito lugar
tudo o que o santo dissera.
E aproximou-se o dia da
alegria, chegou o tempo da exultação. Os irmãos foram chamados de muitos
lugares; homens e mulheres daquela terra, com ânimos exultantes, preparam,
segundo suas possibilidades, velas e tochas para iluminar a noite que com o
astro cintilante iluminou todos os dias e anos. Veio finalmente o santo de Deus
e, encontrando tudo preparado, viu e alegrou-se. E, de fato, prepara-se o
presépio, traz-se o feno, são conduzidos o boi e o burro. Ali se honra a simplicidade,
se exalta a pobreza, se elogia a humildade; e de Greccio se fez com que uma
nova Belém. Ilumina-se a noite como o dia e torna-se deliciosa para os homens e
animais. As pessoas chegam ao novo mistério e alegram-se com novas alegrias. O
bosque faz ressoar as vozes, e as rochas respondem aos que se rejubilam. Os
irmãos cantam, rendendo os devidos louvores ao Senhor, e toda a noite dança de
júbilo. O santo de Deus está de pé diante do presépio, cheio de suspiros,
contrito de piedade e transbordante de admirável alegria.” (Cel 30,4).
Sob a inspiração deste
fluo, baseando-se nas Fontes Franciscanas, toda a celebração de Natal ganha um
novo vigor interpretativo e celebrativo em toda Itália, da Itália para a Europa
e da Europa para o mundo. A cidade de Nápoles transforma a cena de Natal num
movimento artístico, e a partir dali e dos anos 1700, o presépio é pura arte.
Unindo a Palavra de
Deus, a representação artesanal e o folclore, os presépios vão destacando as
típicas figuras regionais, e unem fé e beleza estética. As missões franciscanas
levam o presépio para o mundo, e assim, cultura local e tradição cristã mostram
o maior feito histórico da cristandade.
O presépio tem a forma
dos momentos culturais: barroco, colonial, rococó, renascentista, moderno,
vanguardista, arte popular, oriental, latino-americano, indiano e africano. O
Deus Menino está no campo, na cidade, nas tendas, favelas e arranha-céu; está
no centro urbano e na periferia. Une a força do sinal, do sacramental, do
sagrado, da teologia da imagem, a fala da fé.
Nos presépios temos a
harmonia das diferenças. O mundo do divino encontra-se com o mundo do humano. A
grandeza, a onipotência de um Deus revela-se na fragilidade de uma criança. Ali
o mundo animal, ovelhas, boi, burro, queda-se contemplativo abraçado pelo
silêncio do mundo mineral: pedras e presentes. Há também o toque brilhante
daquela Estrela Guia aproximando o mundo sideral.
Num presépio cabe todos
os rostos! É o grande encontro dos simples, dos normais, dos marginais, dos
ternos, fraternos, sofridos e excluídos. Quando o diferente se encontra temos a
mais bela paisagem do mundo. Tudo se torna transparente na unidade das
diferenças. Num presépio não existe preconceito, existe sim aquela silenciosa e
calma contemplação da beleza de cada um, de cada uma. Encarnar-se é morar junto
e respeitar o diferente! Paz na Terra aos Humanos de vontade boa e bem
trabalhada! Isso é que encantou Francisco de Assis!
O presépio nos lembra
que Deus não está no mercado das crenças, nem no apelo abusivo do comércio
natalino que faz uma profanização deste universo de símbolos: pinheiros e
estrelas, animais e pastores, presépios variados. Deus nem sempre está nas
igrejas e nem nas bibliotecas; mas Ele está num coração que pulsa de Amor. Esta
é a sacralidade inviolável do Natal: Deus está no seu grande projeto, que é
Humanizar-se, fazer valer o Amor, Encarnar o Amor!
Deus não está na violência
e nem onde se atenta contra a vida. Deus não está no orgulho dos poderosos nem
entre os caçadores de privilégios hierárquicos. Mas Ele está na leveza deste
Menino, Filho do Pai Eterno, a grande síntese das naturezas humana e divina.
Ele está aqui na mais
bela doação do Sim de José e de Maria. Quando há disponibilidade, todo sonho é
fecundo. Ele está onde se faz um presépio: lugar do Bem e da Beleza. É o grande
momento de refletir este presente que ele nos dá. Isso é que encantou Francisco
de Assis!
O Amor tem que ser
Amado! A Verdade e a Beleza têm que ser apreciadas. Este é o lugar de Luz no
meio das sombras humanas. A luz vale mais do que todas as trevas. Deus está ali
com você e com Francisco diante do presépio, e abraçando você com silêncio, paz,
harmonia, serenidade; acolhendo você e passando-lhe Onipresença, Onipotência
eterna para a fragilidade da criatura. No presépio, Deus olha você, pessoa
humana, contemplando a suprema humildade da Pessoa Divina.
Artigo
“A Mensagem Franciscana do Presépio, da Revista Franciscana, uma publicação da
FFB
Por Frei Vitório Mazzuco Fº
Nos dias que 15 e 16 de dezembro tivemos momentos fraternos que preparam franciscanamente a chegada do Menino Deus.
Estivemos no dia 15 a
convite de nossa irmã Valéria Pinheiro Ministra da Fraternidade de São
Francisco da Penitência, para celebramos juntos a Santa Missa que foi presidida
pelo Fr. Jônathas Gerber, seguida de Auto de Natal e Almoço de
Confraternização, onde foram lembrados os cem anos da ereção canônica da
Fraternidade de Santo Antônio com a presença de vários irmãos das duas
Fraternidades e do Assistente Espiritual da Fraternidade de São Francisco da
Penitência e Vice-ministro Provincial da Província da Franciscana da Imaculada Conceição
do Brasil Frei Estêvão Ottenbreit.
O presépio vivo de Greccio se formou mais uma vez, naquele Auto com a presença de duas crianças representando Francisco e Clara de Assis.
No dia 16 de dezembro 2012: Visita
anual de Natal para nossas irmãs Clarissas do Mosteiro de Nossa Senhora dos
Anjos na Gávea. Foram entregues doações em nome da Fraternidade de produtos de
limpeza (água sanitária, detergentes, sabão etc.), sandálias plásticas de dedo
(tipo havaianas) e caixas de bombons de chocolate, tudo adquirido pela nossa irmã
Dirce com o dinheiro de doações de alguns irmãos da Fraternidade.
Agradecemos a acolhida da abadessa Madre Pacífica e de todas as nossas irmãs da 2ª Ordem de Santa Clara que nos presentearam com um lanche e lindas imagens do Menino Jesus.
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