Um milagre em nossa vida
Celebramos com
muita simpatia a Santo Antonio no dia 13 de junho, ele é um dos santos franciscanos
mais famosos e sua devoção é universal, em especial no Brasil, temos um carinho
muito grande por ele. Destacaremos neste artigo a Mensagem de João Paulo II por ocasião dos 800 anos de nascimento de
Santo Antônio.Vaticano, 12 de junho de 1994, no 16° ano de nosso Pontificado.
“Para que esta esperança comum se realize, é necessário que todos os pastores e
os fiéis redescubram, por uma devoção sincera, a pessoa de Santo António,
estudem seu itinerário espiritual, saibam descobrir suas virtudes, escutem
docilmente a mensagem que brota de sua vida.
Sua existência terrestre durou
apenas 36 anos. Ele passou os primeiros catorze anos na escola episcopal de sua
cidade. Aos quinze anos, ele decidiu entrar para os Cônegos Regulares de Santo
Agostinho; aos 25 anos, ele foi ordenado sacerdote: dez anos de vida
caracterizados por uma busca ardente e rigorosa de Deus, por um estudo intenso
da Teologia, por um amadurecimento e progresso interior.
Mas Deus continuava a interrogar
o espírito do jovem padre Fernando: este era o nome que ele tinha recebido na
fonte batismal. No Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, ele conheceu um pequeno
grupo de Franciscanos da primeira hora, que de Assis iam para Marrocos para lá
testemunhar o Evangelho, mesmo que lhes custasse a vida. Nesta circunstância, o
jovem Fernando experimentou uma nova aspiração: a de anunciar o Evangelho aos
povos pagãos, sem deter-se diante do risco de doar a sua vida. No outono de
1220, ele deixou seu mosteiro e se colocou no seguimento do Pobrezinho de
Assis, tomando o nome de Antônio. Ele partiu, então, para Marrocos, mas uma
grave doença obrigou-o a renunciar a seu ideal missionário. Então, começou o
último período de sua existência, ao longo do qual foi conduzido por Deus por
caminhos que ele jamais tinha pensado em percorrer. Após tê-lo arrancado de seu
solo natal e afastado de seus projetos de evangelização no além-mar, Deus o
conduziu a viver o ideal da forma de vida evangélica em terra italiana. Santo
António viveu a experiência franciscana apenas onze anos, mas ele assimilou o
ideal a tal ponto que o Cristo e o Evangelho se tornaram para ele uma regra de
vida encarnada no quotidiano. Ele disse num sermão: "Por ti nós deixamos
tudo e nos fizemos pobres. Mas, porque és rico, nós te seguimos para que nos
enriqueças... Nós te seguimos, como a criatura segue o Criador, como os filhos
seguem o Pai, como as crianças seguem a mãe, como os famintos o pão, como os doentes
o médico, como aqueles que estão fatigados a cama, como os exilados a
pátria" (Sermones II, p. 484). Toda a sua pregação foi um anúncio contínuo
e incansável do Evangelho "sine glossa". Um anúncio veraz, corajoso,
límpido. A pregação era sua maneira de acender a fé nas almas, de purificá-las,
de consolá-las, de iluminá-las (ibid. p. 154).
Ele construiu sua vida sobre o
Cristo. As virtudes evangélicas, especialmente a pobreza em espírito, a
mansidão, a humildade, a castidade, a misericórdia, a coragem da paz foram
temas constantes de sua pregação. Seu testemunho foi tão luminoso que, em minha
peregrinação ao seu santuário em Pádua, no dia 12 de setembro de 1982, eu quis
apresentá-lo à Igreja, como já o havia feito o Papa Pio XII, com o apelativo de
"homem evangélico". De fato, Santo Antônio ensinou de uma maneira
eminente, fazendo do Cristo e do Evangelho uma referência constante da vida
quotidiana e das opções morais, particulares e públicas, sugerindo a todos que
alimentem nesta fonte a coragem de um anúncio coerente e atraente da mensagem
da salvação. Precisamente porque estava cheio de amor pelo Cristo e pelo
Evangelho, Santo António "ilustrava com espírito de amor a divina
sabedoria que ele tinha tirado da leitura assídua das Sagradas Escrituras"
(Pio XI, Carta Apost. "Antoniana sollemnia", 1.3.1941). A Sagrada
Escritura era para ele a "terra parturiens" que faz nascer a fé,
funda a moral e atrai a alma por sua doçura (cf. Sermones, Prólogo, 1,1).
Recolhida numa meditação plena de amor pela Sagrada Escritura, a alma se abre -
segundo sua expressão - "ad divinitatis arcanum". No curso de seu
itinerário para Deus, António nutriu seu espírito neste segredo insondável,
encontrando aí sua sabedoria e sua doutrina, sua força apostólica e sua esperança,
seu zelo infatigável e sua ardente caridade. É da sede de Deus, do anseio por
Cristo que nasce a Teologia; para Santo Antônio, ela era a irradiação de seu
amor por Cristo: uma sabedoria de um valor inestimável e uma ciência de
conhecimento intuitivo (cognição); um cântico novo "in aure Dei dulce
resonans et animam innovans" (cf. Sermones, III, 55, e I, 225). Santo
Antônio viveu uma maneira de estudar com uma paixão que o acompanhou ao longo
de toda a sua vida franciscana. O próprio São Francisco o havia escolhido para
ensinar "a santa Teologia aos irmãos", recomendando-lhe, no entanto,
que cuidasse nesta tarefa, de não extinguir seu espírito de oração e de devoção
(cf. Fontes Franciscanas, p. 75). Ele empregou todos os meios científicos, que
então se conheciam, para aprofundar o conhecimento da verdade evangélica e
tornar seu anúncio mais compreensível. O sucesso de sua pregação confirma o
fato de que ele soube falar a linguagem de seus ouvintes, conseguindo
transmitir de uma maneira eficaz o conteúdo da fé e fazendo com que a cultura
popular de seu tempo acolhesse os valores do Evangelho.” http://www.capuchinhas.com.br/
Fr. Vitório Mazzuco Filho, OFM. carismafranciscano.blogspot.com
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