Devoto de Maria Santíssima


Francisco foi grande devoto de Nossa Senhora.  Prestou sempre à Mãe de Deus as maiores homenagens.
      
Para ele, Maria Santíssima representou, magnificamente, a porta do céu, a casa de ouro, a escada de Jacó, de que fala o Livro Sagrado.  Sabia, como nós sabemos, da bela e expressiva passagem da Bíblia que narra a visão de Jacó, à noite, quando descansou em pleno campo.   Jacó viu em sonho uma escada misteriosa que se erguia da terra ao céu.  E os anjos subiam e desciam por ela.
           
 Numa impressionante prefiguração bíblica, essa escada é bem o símbolo de Maria, que, em sua natureza humana, pertence à terra, mas que, como Mãe de Deus, está na mais alta glória do céu.  São Francisco também vê a escada maravilhosa, não, todavia, formada de anjos, como Jacó, mas de homens, que sobem:

            E eles, pelos degraus da luz ampla e sagrada,
fogem da humana dor, fogem do humano pó.
E, à procura de Deus, vão subindo essa escada,
Que é como a escada de Jacó.

A propósito da devoção de são Francisco à Imaculada, convém que façamos uma referência ao que vem narrado no livro I Fioretti:

Frei Leão portou-se sempre como companheiro inseparável do santo.  Nas horas difíceis, inúmeras vezes esteve ao lado do pai espiritual.  E tendo, na sua humildade, uma vida perfeita, foi em diversas ocasiões favorecido por Deus com extraordinárias graças e visões.  Certa vez, em êxtase, apareceu-lhe ao espírito um vale imenso, inteiramente repleto de compacta multidão.  Parecia-lhe o julgamento final, pois ela ouvia reboar os sons estridentes das tubas angélicas.  Viu nitidamente duas escadas que subiam pelas alturas.  Uma delas era vermelha, do vermelho vivo tirado das chagas de Jesus Cristo.  Era certamente a escada destinada aos heróis da religião e aos mártires da fé.  A outra era branca, muito branca, e refulgia ao clarão dos raios de sol das manhãs de maio.  Era a escada luminosa da Mãe de Deus.

Frei Leão notava, não sem comover-se, que vários de seus irmãos de hábito que tentavam subir pela vermelha muitas vezes retrocediam, feridos pelas arestas do caminho.  E mais: que aqueles que se dirigiam à escada de Maria Santíssima chegavam felizes à direita do eterno Pai.

Depois dessa impressionante visão do humilde frade, são Francisco não teve dúvida a respeito da decisiva  intervenção de Nossa Senhora em favor de seus filhos.  A visão de frei Leão devia fazer compreender a todos os franciscanos que, aos olhos de Deus, não há ninguém que seja achado bastante puro.  Mas que, auxiliados pela Virgem Santíssima, muitos e muitos homens poderão elevar-se e alcançar a eterna salvação.  E serão chamados, acolhedoramente, para o lado direito do Supremo Juiz.

Santa Maria dos Anjos, na Porciúncula, tem sido, no correr dos tempos, a torre de marfim da família franciscana.  Sem o divino auxílio da Suave Intercessora, os filhos de são Francisco na conseguiriam na senda da vida espiritual.  Torre benfazeja e imensa essa que a todos recebem, pequenos e grandes.  Ela conforta a todos, aos humildes e aos verdadeiramente bons, retemperando-os, unindo-os para as lutas contra as perigosas seduções do mundo. 

Nossa Senhora dos Anjos, na Porciúncula, foi sempre a torre que marcava o primeiro e o último gesto dos que a tinham no coração.  Quando os filhos espirituais do pai seráfico partiam de seu querido recanto, voltavam sempre os olhos para a torre da igreja querida, numa afetuosa despedida à carinhosa Mãe.  Quando regressavam de longas e penosas caminhadas, para Santa Maria dos Anjos dirigiam também, primeiro, seu terno e agradecido olhar.

Os primeiros franciscanos deram, como desejava o seu pai e mestre, edificante exemplo de devoção a Maria Santíssima.  Receberam como riquíssima herança esse acrisolado amor.  Entre os franciscanos surgiu, desde logo, um mariano do mais alto porte: santo Antônio, o santo insigne que nestes últimos séculos está sendo venerado no mundo inteiro.  Logo depois, com o transcurso dos anos, apareceram outros insignes marianos: são Boaventura, o doutor seráfico João Duns Scot, Bernardino de Sena, Leonardo de Porto Maurício.  E não poderia ser de menor brilho a falange mariana, sendo são Francisco um enamorado de Maria.  Seu coração, grande e generoso, sentia-se docemente arrebatado pela beleza incomparável e sobrenatural da celeste Rainha.  São suas estas palavras: “Quando digo Ave Maria, sorriem os céus, os anjos alegram-se, o mundo goza, treme o inferno e fogem os demônios. Vós sois, Maria, a Filha do Altíssimo Pai Celestial, a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, e a Esposa do Divino Espírito Santo”.

Os franciscanos, desde o memorável ano de 1209, em que o filho de Pedro Bernardone percebeu claramente o chamado de Deus, mantiveram-se sempre dedicados ao culto da Rainha do céu.  E foram os defensores da devoção à Imaculada Conceição.

Com a promulgação do dogma da Imaculada, em 1854, os filhos espirituais de são Francisco celebraram um triunfo repleto de bênçãos para os fiéis do mundo inteiro.

Retirado do Livro: Francisco – cantor da paz e da alegria – Deodato Ferreira Leite  - Paulinas 13ª – 2008.
               Foto: Imagem da padroeira Igreja Matriz Nossa Senhora da Graça - São Francisco do Sul - SC
               (Festa 08 de setembro) http://senhoradagraca.blogspot.com.br/


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