Diversos Milagres que fazia com sinal e a virtude da Santa Cruz
O Crucifixo amado
correspondeu à amante que, acesa em tão grande amor pelo mistério da cruz, foi
distinguida com sinais e milagres pelo seu poder. Quando fazia o sinal da cruz
vivificante sobre os enfermos, afastava milagrosamente as doenças. Vou contar
alguns casos, entre tantos.
São Francisco mandou a
dona Clara um frade enlouquecido, chamado Estêvão, para que traçasse sobre ele
o sinal da cruz santíssima, pois conhecia sua grande perfeição e venerava sua
grande virtude. A filha da obediência fez sobre ele o sinal, por ordem do pai,
e deixou-o dormir um pouquinho, no lugar onde ela mesma costumava rezar. E ele,
livre do sono daí a pouco, levantou-se curado e voltou ao pai, liberto da
loucura.
Mateusinho, um menino
de três anos da cidade de Espoleto, tinha enfiado uma pedrinha na narina.
Ninguém conseguia tirá-la do nariz do menino, nem ele podia expeli-la. Em
perigo e com enorme angústia, foi levado a dona Clara e, quando foi marcado por
ela com o sinal da cruz, soltou de repente a pedra e ficou livre.
Outro menino, de
Perúgia, tinha o olho velado por uma mancha e foi levado à santa serva de Deus.
Ela tocou o olho da criança, marcou-a com o sinal da cruz e disse: Levem-no a
minha mãe, para fazer nele outro sinal da cruz". Sua mãe dona Hortolana
seguira a plantinha, entrara na Ordem depois da filha e, viúva, servia ao
Senhor no jardim fechado com as virgens. Ao receber dela o sinal da cruz, o
olho do menino se livrou da mancha, e ele viu clara e distintamente. Clara
disse que o menino tinha sido curado por mérito de sua mãe; a mãe deixou em
favor da filha o crédito do louvor, dizendo-se indigna de coisa tão grande.
Uma das Irmãs, chamada
Benvinda, tinha suportado quase doze anos embaixo do braço a chaga de uma
fístula que soltava pus por cinco orifícios. Compadecida, a virgem de Deus
Clara aplicou seu emplastro especial do sinal de salvação. Foi só fazer a cruz
e, de repente, ela ficou perfeitamente curada da velha úlcera.
Outra Irmã, chamada
Amata, jazia doente de hidropisia havia treze meses, consumida também pela
febre, a tosse e uma dor de lado. Compadecida dela, dona Clara recorreu àquele
nobre sistema de sua arte medicinal: marcou-a com a cruz no nome de Cristo e no
mesmo instante devolveu-lhe a saúde completa.
Outra serva de Cristo,
oriunda de Perúgia, de tal modo perdera a voz ao longo de dois anos que mal
podia articular palavra audível. Na noite da Assunção de Nossa Senhora, teve
uma visão de que dona Clara a curaria e esperou ansiosa pelo dia. Quando
amanheceu, correu à madre, pediu-lhe que a marcasse com a cruz e recuperou a
voz logo que foi assinalada.
Uma Irmã chamada
Cristiana tinha sofrido por muito tempo de surdez em um ouvido e experimentara
em vão muitos remédios para o mal. Dona Clara fez-lhe o sinal na cabeça com
clemência, tocou-lhe a orelha e na mesma hora ela recuperou a faculdade de
ouvir.
Era grande o número de
Irmãs doentes no mosteiro, aflitas por vários achaques. Clara foi vê-las como
de costume, com seu remédio habitual, e, em cinco vezes que fez o sinal da
cruz, curou cinco na hora. Por esses fatos, fica patente que no coração da
virgem estava plantada a árvore da cruz, cujo fruto restaura a alma, cujas
folhas oferecem remédio para o corpo.
Fontes
Franciscanas e Clarianas - Trecho de Biografias / Legendas de Santa Clara –
Págs. 1809/1810 [32 a 35] – Editora Vozes, 2004.
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