Seu nome é Clara de Assis

Foto: Vitral do Convento de Santo Antônio do Largo da Carioca
                    
800 anos da vocação de Santa Clara
A mãe Hortolana teve uma gravidez complicada com a possibilidade de não ser bem sucedida na hora de dar à luz a mais um fruto do seu ventre. Quando a vida de um filho ou uma filha corre perigo toda mãe agiganta-se na fé. Hortolana entrega a Deus a sua fecundidade maternal e sente a segurança e a certeza que vêm das forças divinas, percebe que quem dela vai nascer é fruto da paz e serenidade; acredita que será um parto de luz a aclarar o mundo. Muitos nomes foram sugeridos, mas a sua escolha é Clara! Clara é seu nome!
Para o mundo bíblico dar nome é trazer para a vida e para o sentido desta vida. Ter nome é ter um papel a cumprir, uma missão a concretizar. O que não tem nome não existe. Clara é seu nome!
A história da espiritualidade é a história da luz, quem nasceu para iluminar caminhos só poderia ter um nome como este. Esta menina nasceu para incendiar a vida com a chama do Amor. É profética a conhecida afirmação de Tomas de Celano: “Foi nobre de nascimento e muito mais pela graça. Foi virgem no corpo e puríssima no coração; jovem em idade, mas amadurecida no espírito. Firme na decisão e ardentíssima no amor de Deus. Rica em sabedoria sobressaiu na humildade. Foi Clara de nome, mais clara por sua vida e claríssima em suas virtudes. Sobre ela foi edificada uma estrutura das mais preciosas pérolas, cujo louvor não vem dos homens mas de Deus. É impossível compreendê-la com nossa estreita inteligência e apresentá-la em poucas palavras”. (1 Cel 8, 18-19) Clara nasce em Assis no dia 16 de julho de 1193. É batizada na catedral de São Rufino com o nome escolhido pela mãe iniciando aí uma clara história. Seu pai é o Conde Favarone, nobre e cavaleiro, personalidade forte mas muito terno e afetuoso com seu filho e filhas. É descendente dos Offreduccio Favarone di Bernardino, uma família da melhor estirpe. Sua mãe, Hortolana, Condessa de Sasso Rosso, é uma mulher com o “esprit du finesse” característico das grandes damas medievais. É devota, sábia e segura. Após a morte do marido junta-se às filhas em São Damião.
Clara tem um irmão chamando Boso e três irmãs: Pessenda, Inês e Beatriz. As duas últimas seguiram Clara na experiência contemplativa das Senhoras Damas Pobres.
Família rica e influente em Assis os Offreduccio Favarone poderiam oferecer à filha um matrimônio de bens e de dotes e um sonhado futuro de riquezas. Contudo Clara nasceu para conduzir vidas para Deus e seu matrimônio foi escolher o Esposo, o Rei dos Reis, num esponsal místico.
É o seu nome que inspira o conteúdo maravilhoso da sua Bula de Canonização. Num trocadilho impressionante o documento revela que na grandeza de um nome está a sua missão:
o   “Clara, preclara por seus claros méritos, clareia claramente no céu pela claridade da grande glória (…) sua virtude resplandece para os mortais com sinais magníficos.
o   Esta Clara foi distinguida aqui por suas obras fúlgidas, esta Clara é clarificada no alto pela plenitude da luz divina.
o   Ó Clara, dotada de tantos modos pelos títulos da claridade! Foste clara antes da conversão, mais clara na conversão, preclara por teu comportamento.
o   O mundo recebeu de Clara um claro espelho de exemplo.
o   Em casa foi luminosa como um raio, no claustro teve o clarão de um relâmpago.
o   Brilhou na vida, irradia depois da morte!
o   Foi Clara na terra e reluz no céu!
o   Como é grande a veemência de sua luz e como é veemente a iluminação de sua claridade!
o   Ficava esta luz fechada no segredo do claustro, mas emitia raios brilhantes para fora. Recolhia-se no estreito convento, e se espalhava pelo amplo mundo.
o   Clara se calava, mas sua fama clamava.
o   Ela foi um elevado candelabro da santidade, brilhando com força no tabernáculo do Senhor, e para seu enorme esplendor correram e correm tantas, querendo em sua luz acender suas lâmpadas.
o   Vigilante no cuidado
o   Esforçada no espírito
o   Atenta na exortação
o   Diligente para admoestar
o   Prestimosa para se compadecer
o   Discreta para se calar
o   Madura no silêncio
o   Experimentada em todas as coisas oportunas
o   Para um perfeito governo
o   Querendo mais prestar serviço que dominar e mais honrar do que ser honrada.
o   Vaso da humildade
o   Armário da castidade
o   Ardor da caridade
o   Doçura da bondade
o   Força da paciência
o   Vínculo de paz e comunhão de familiaridade
o   Mansa de palavra, doce nas atitudes, em tudo amável e bem aceita
o   Neste espelho de vida as irmãs contemplaram os caminhos da vida.
Na beleza deste nome um modo de ser. Na grandeza deste nome a dignidade de ser mulher e santa. Na força deste nome um programa de vida.

Clara Mãe, Clara Irmã, rogai por nós!


Por Fr. Vitório Mazzuco Filho,OFM

 

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