Festa de Santa Isabel da Hungria, Padroeira da OFS - Ordem Franciscana Secular
Dela disse o
Cardeal Ratzinger Arcebispo de Munique, atual Papa Bento XVI:
O que fez foi realmente viver com os pobres.
Desempenhava pessoalmente os serviços mais elementares do cuidado com os
doentes: lavava-os, ajudava-os precisamente nas suas necessidades mais básicas,
vestia-os, tecia-lhes roupas, compartilhava a sua vida e o seu destino e, nos
últimos anos, teve de sustentar-se apenas com o trabalho das suas próprias mãos.
(…)
Deus era real para ela. Aceitou-o como realidade e por
isso lhe dedicava uma parte do seu tempo, permitia que Ele e sua presença lhe
custassem alguma coisa. E como tinha
descoberto realmente a Deus, e Cristo não era para ela uma figura distante, mas
o Senhor e o Irmão da sua vida encontrou a partir de Deus o ser humano, imagem
de Deus. Essa é também a razão por que quis e pôde levar aos homens a justiça e
o amor divinos. Só quem encontra a Deus pode também ser autenticamente humano. (Da homilia
na igreja de Santa Isabel da Hungria de Munique, em 2 de dezembro de 1981).
Isabel deu-se inteiramente ao
serviço dos pobres. Ela viu a
pessoa de Cristo em todas essas pessoas. Ela banhava e cuidava dos doentes, curava suas feridas e os colocava para a
cama. Ela preparou
seus medicamentos, brincava com as crianças, cuidava das mulheres grávidas e de
seus filhos, levou os pobres para comer em sua mesa e sentar-se a seu lado. Ela e suas
irmãs (as quatro servas de Isabel, Guda, Isentrude, Isabel e a viúva
Irmengarda) visitavam os pobres e distribuíam todos os alimentos que tinha. Para ganhar dinheiro para o hospital,
Isabel girou lã. Elizabeth ficou mal para os últimos anos de sua
vida e morreu pobre, como aqueles a quem ela ministrou.
Oitocentos
anos depois, o exemplo de Santa Isabel da Hungria continua a ser uma inspiração
para leigos e religiosos franciscanos, pessoas casadas, mulheres grávidas, para
os pobres e doentes, de fato para todos, que no século 21 desejam viver uma
vida dedicada ao amor de Deus e de serviço ao próximo.
Papa Gregório IX, em sua bula 1235 intitulada Jesus
Filius, escreve: "[Isabel] demonstra
um amor que não é fechado em si mesmo, mas que é iluminado de cima e aberto a
pessoas humildes, para os famintos e doentes com quem queria ser mãe e irmã
durante a participação em seus sofrimentos e, pessoalmente, tentar aliviá-los. Ela queimou-se para fora como um
meteoro em apenas 24 anos de idade, mas ela deixou uma marca indelével”.
Kathleen
Gilmour - Veja a íntegra do artigo em http://www.franciscanstor.org/template.aspx?id=2342
As Rosas
Diz a Sagrada Escritura do Salvador que se fez pobre para enriquecer-nos. Justamente neste ponto, Santa Isabel revelava-se verdadeira discípula e imitadora do Senhor: descia, espiritualmente, do trono, a fim de conhecer a pobreza e envidava todos os esforços para melhorar o estado dos necessitados. S. Francisco de Sales a chama, por esta razão, pobre na riqueza e rica na pobreza.
Todo o dinheiro que recebia empregava-o
em prol dos pobres, e quando, apesar dos recursos que a caridade do marido lhe
punha à disposição, não tinha mais que dar, desfazia-se dos seus vestidos, no
intuito de aliviar os infelizes.
Como o caçador apaixonado não se deixa
deter de seguir a pista da caça nem pelo mau tempo nem por obstáculo algum,
assim Isabel caçava os pobres. Nem a distância nem as dificuldades do caminho a
embaraçavam; sabia que não há coisa que fortifique tanto a caridade como a
indagação profunda das misérias humanas na sua parte material e positiva. Por
trilhos íngremes e ínvios subia, carregada de víveres e outros objetos
indispensáveis, em busca das cabanas dos indigentes. Embora repugnantes pela
imundície e insalubridade, a Santa penetrava nesses asilos da pobreza com uma
certa devoção e, ao mesmo tempo, familiaridade, qual raio de sol a espalhar luz
e calor benfazejos, imune dos efeitos do desasseio, cujas sombras ia dissipando.
E não só repartia entre os desafortunados as esmolas corporais, como os
consolava também por suaves e afetuosas palavras.
Reconhecendo que estavam endividados e
sem meios de satisfazer as dívidas, Isabel se encarregava de pagá-las à sua
custa. Muitíssimas vezes, oferecia-se a famílias muito pobres para ser madrinha
dos filhinhos recém-nascidos, tencionando, pela maternidade espiritual, obrigar-se
a amá-los e cuidar deles durante toda a vida.
Conta-se entre as obras de misericórdia
a de enterrar os mortos. Claro é que não se entende com isto, exclusivamente, o
que faz o coveiro, mas tudo quanto o cristão consagra ao irmão defunto. Aumenta
o valor desta misericórdia, se é prestada a um pobre; pois, enquanto*os homens,
em geral, acodem em massa ao enterro de um rico e fidalgo, menosprezam,
facilmente, o pobre, mesmo depois da morte ainda, acompanhando-lhe muito poucos
os restos mortais até a última morada.
Isabel, pelo contrário, com preferência
ia, quando lhe era possível, velar junto dos pobres falecidos, envolvia-os, com
suas mãos, em lençóis do próprio leito e assistia-lhes ao enterro, seguindo,
com humildade e recolhimento, o simples esquife do último dos seus súbditos,
como se o morto fosse um parente seu.
A arte representa, ordinariamente, Santa
Isabel com rosas no manto, cena que tem a sua origem numa lenda antiquíssima.
Diversos autores referem o milagre das rosas ao tempo da primeira infância da
Santa, conforme acima relatamos. A maioria, porém, e a tradição geral aplicam-no
à sua vida conjugal e nele fazem intervir seu marido.
Gostava Isabel de levar em pessoa,
ocultamente, aos pobres não somente dinheiro, mas também víveres e outros
objetos que lhes destinava. Assim carregada, seguia os caminhos escarpados que
do castelo conduziam à cidade.
Um dia em que, acompanhada por uma das
suas criadas favoritas, descia num desvio estreito e íngreme que ainda hoje se
mostra, levando no regaço pão, carne, ovos e outros comestíveis, para
distribuí-los aos necessitados, viu-se, inesperadamente, face a face com o marido
que voltava da caça.
Admirado de vê-la assim vergando ao peso
da carga, disse-lhe:
— Vejamos o que levas aí.
E, ao mesmo tempo, abriu contra a
vontade de Isabel, o manto que ela, assustada, apertava contra o peito; mas,
apenas encontrou rosas brancas e vermelhas, as mais lindas que havia já visto
em sua vida: isso o surpreendeu tanto mais, quanto não era então época de
flores.
O landgrave permitiu-lhe prosseguir o
caminho, enquanto ele subiu ao castelo, pensando sobre o que Deus com ela fazia
e trazendo consigo uma destas rosas maravilhosas, que conservou até a morte. E,
a fim de perpetuar a memória do acontecimento, mandou erigir no sítio em que se
deu uma coluna encimada por uma cruz.
Seja embora uma lenda, inventada em honra
da santa Protetora dos pobres, como todo o mundo chamava a Isabel, verdade é
que tem sempre um sentido profundo e moral. Pois, os benefícios que se prestam
aos pobres pela caridade cristã, transformam-se em rosas e, entrelaçados,
compõem uma coroa para o benfeitor.
Consideremos uma roseira: enraizada em
solo negro e úmido, absorve daí o suco vital que, nos galhos, faz desabrochar,
maravilhosamente, as folhas verdejantes e as flores multicores e perfumadas.
Não havendo perfume, nem cor branca ou vermelha, nem a forma das folhas dentro
da terra, e a terra que produz tudo isso, com auxílio da natureza da roseira e
o sol que fornece luz e calor. Da mesma maneira, o pedaço de pão ou carne, o cálice
de vinho, o feixe de lenha, o par de meias ou botinas, a camisa ou outra peça
de roupa, a moeda, são, em si, objetos sem vida, sem beleza, sem valor
superior, dados, porém, pelo amor de Deus, a uma pessoa necessitada,
transformam-se em rosas lindas e cheirosas para o Senhor com que o próprio benfeitor,
um dia, será coroado e glorificado no céu.

É, portanto, como uma espécie de
magnífico monumento, erigido em honra da exímia benfeitora da humanidade
desventurada, Santa Isabel, que ainda hoje se cultivam roseiras em grande
quantidade em torno de sua igreja na cidade de Marburgo, como também no parque
do castelo de Wartburgo, onde ela residia.
A esmola será o motivo de uma grande
confiança diante do Deus Supremo para todo aquele que a praticar. (Tobias, 4, 12.)
Santa Isabel da Hungria - Albano Stolz -
1 9 5 2 E d i t o r a M e n s a g e i r
o da Fé L t d a. Salvador-Bahia Postado por: www.alexandriacatolica.blogspot.com
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