Por amor de Francisco
Um
outro aspecto interessante do franciscanismo de Isabel era seu empenho em fazer
com que outros se interessassem por seu ideal.
Deste modo, também fizeram profissão religiosa as fidelíssimas Guta e
Isentrude. Quando, em 1228, se dirigiu a
Marburgo e aí fundou um hospital, suas mais íntimas colaboradoras foram
contadas entre os penitentes, vestindo o hábito cinzento. Destas conhecemos até mesmo os nomes:
Ermengarda, Isabel, Hildegunda e uma outra jovem, a quem a santa Haia presenteado
com o manto. Tem-se quase a impressão de
que se constituiu uma comunidade religiosa franciscana sob a direção de
Isabel. Às nobres de Eisenach ou de
Marburgo que iam à sua procura, Isabel, de bom grado, falava de Deus,
incitando-as a que renunciassem à vaidade.
Se de todas não pudessem abdicar, ao menos deveriam abster-se de algumas
delas. Quando encontrava em alguma de
suas ouvintes boa disposição, sugeria que fizessem o voto de castidade, depois
da morte do marido.
A
exortação de Isabel a uma vocação mais excelente não se dirigia somente às
mulheres, mas também aos homens. As
fontes fazem alusão a algumas dessas “conversões”: o filho da marquesa
Gertrudes de Leimbach tornou-se frade menor depois de uma oração feita em comum
com alandgravina. O mesmo aconteceu com
o ecônomo do hospital, Henrique, filho da condessa de Weibach, e com o
“camareiro” de Isabel. Uma peculiar
comunhão de vida ligava Isabel aos franciscanos. Uma de suas ocupações preferidas, quando
vivia como esposa feliz em Wartburgo, era a de confeccionar hábitos pra os
frades menores. Expulsa do castelo
juntamente com as criadas Guta e Isentrude, à noite se dirigiu aos frades e
pediu que se cantasse o “Te Deum”, em ação de graças a Deus. Todas as manhãs, durante os dias da tribulação,
procurava a igreja dos frades, permanecendo ali em devotíssima oração diante do
Senhor. Quando fundou o hospital de
Marburgo, dedicou-o a São Francisco, que acabava de ser canonizado por Gregório
IX.
Não é, pois, de admirar que autores franciscanos dos séculos XIII e XIV tenham falado sobre Isabel num tom triunfalista, talvez, referindo-se a episódios legendários. Em sermão atribuído a São Boaventura lemos: “Isabel foi exemplo de perfeita humildade, manifestada com o coração e com o hábito dos menores, que ela vestia como eu mesmo ouvi de seu confessor e de sua serva”. O anônimo franciscano, que escreveu uma breve vida da santa, na segunda metade do século XIII, faz este retrato de Isabel: “Depois da morte do marido, andava vestida de um hábito feito de pano áspero e todo remendado, usando uma corda rude na cintura e um manto também todo remendado e encompridado com tecidos de outras cores. Tinha os cabelos cortados e andava descalça. Parecia uma outra Clara, a mãe das pobres reclusas”.
Não é, pois, de admirar que autores franciscanos dos séculos XIII e XIV tenham falado sobre Isabel num tom triunfalista, talvez, referindo-se a episódios legendários. Em sermão atribuído a São Boaventura lemos: “Isabel foi exemplo de perfeita humildade, manifestada com o coração e com o hábito dos menores, que ela vestia como eu mesmo ouvi de seu confessor e de sua serva”. O anônimo franciscano, que escreveu uma breve vida da santa, na segunda metade do século XIII, faz este retrato de Isabel: “Depois da morte do marido, andava vestida de um hábito feito de pano áspero e todo remendado, usando uma corda rude na cintura e um manto também todo remendado e encompridado com tecidos de outras cores. Tinha os cabelos cortados e andava descalça. Parecia uma outra Clara, a mãe das pobres reclusas”.
O
mesmo autor se refere a um episódio bastante edificante: “Frei Teodorico,
conhecido como “o Teutônico”, religioso bom e zeloso, chegou um dia com um
outro confrade a Marburgo. Pararam na praça para pedir hospitalidade em alguma
casa. Precisamente naquele momento, chegou a bem-aventurada Isabel, a piedosa
mãe dos frades menores. Tendo percebido
a presença dos frades, apressou-se em ir ao seu encontro para abraçá-los.
Embaraçados, eles recuaram. A homens do
lugar que haviam assistido a cena perguntaram se os frades conheciam aquela
mulher, ao que eles responderam negativamente.
Os homens disseram-lhes de quem se tratava e falaram do grande bem que
fazia. Enquanto estavam assim falando,
viram Isabel saindo da casa, tendo escondido sob seu manto usado o vinho e o
pão para os pobres. Aproximou-se dos
dois religiosos, ajoelhou-se diante deles, pedindo humildemente a permissão de
lavar-lhes os pés, como havia feito o Senhor com os apóstolos na última ceia. Os frades não permitiram e perguntaram à
beata por que se tinha precipitado para abraçá-los em plena praça. Sorrindo, ela assim respondeu: “Quando vi
frades forasteiros cansados, senti uma tão grande alegria dentro de mim que não
pude evitar correr ao seu encontro para abraçá-los”.
Wadding,
baseando-se na mesma fonte, afirma que São Francisco teria enviado seu manto a
Isabel, por sugestão do cardeal Hugolino.
Isabel tê-lo-ia tido em grandíssima consideração como preciosa relíquia.
Quando estava na iminência de morrer, tê-lo-ia deixado para sua serva:
“Confio-te o meu manto. Não faças caso da pobreza do tecido, mas da
preciosidade da pobreza. Confesso com toda sinceridade que meu dileto Jesus
costumava satisfazer meus desejos todas as vezes que, protegida por este manto,
queria ver sua dulcíssima face”. Alguns frades da Ordem teutônica, mais tarde,
o resgataram para consertá-lo cuidadosamente como relíquia rara. O que vem
relatado seria belo demais, se verdade fosse. Tudo, no entanto, faz crer que se
trata de legenda. As fontes mais autorizadas não relatam o fato. Não o menciona
Jordano em sua Crônica que, em 1230, se refere a algumas relíquias de São
Francisco dadas por Tomás de Celano, que os frades de Eisenach receberam em sua
igreja com manifestações de grande júbilo.
Fonte: CADDERI,
Carlo Attilio, Santa Isabel da Hungria.
Tradução:
Almir Ribeiro Guimarães, OFM.
Rio
de Janeiro. Ordem Franciscana Secular do Brasil. 2011, 1ª edição.
Titulo
Original: Santa Elisabetta d’Ungheria
Comentários
Postar um comentário