Que luzes o jovem de Assis reflete para os jovens de hoje
Num mundo consumista e descartável, um verdadeiro shopping
center de modas e manias, efêmero em gosto e costumes, Francisco de Assis é um
personagem cristão e santo que faz comemorar, neste ano de 2009, oito séculos
de aprovação de sua Forma de Vida. São 800 anos da garantia de um encontro leve
e simples da experiência franciscana com os sonhos secretos de uma época de
ontem e de hoje, que aspira viver um humanismo e fé com muita coerência; são
800 anos de presença sempre nova da Boa Nova e não um “shoptime” de histeria de
novidades. Após oito séculos continua sendo um fato novo!
Num mundo que exclui a partir do status social, da opção
sexual, do credo, e cada vez mais vai se fechando em condomínios; Francisco de
Assis realiza a inclusão e não a exclusão. No seu tempo acata valores e
vivências de leprosos, hereges, camponeses, muçulmanos, pobres, jovens,
mulheres, capela em ruína e abre as portas da sua fraternidade para todos;
nobres, plebeus, leigos, casais, letrados, cavaleiros e gente da terra, e vai
viver pelas estradas do mundo. Compreendeu a história dos vencedores, todavia
deu voz ao silêncio dos vencidos.
Sem ranço de panteísmo, ele vê a graça e a providência divina
em todos os seres, convocando-nos para o sensível e o natural, sem o uso das
coisas mas à convivência com elas. É o santo das aves, dos vermes, dos peixes,
das plantas, do lobo, das pedras, dos bosques, da ecologia, enfim uma eterna
primavera da vida! É o personagem da alegria, da jovialidade, da felicidade dos
realizados; ele é a abertura otimista de todas as ações em oposição ao
depressivo fechamento pessimista dos que nada fazem e só reclamam. É a força
interior contra a anemia espiritual.
Em vez de currículo exuberante e técnico ele revela que da
simplicidade e do concreto pode fazer nascer um competente modo de conceber e
melhorar a vida. Ele não é barulhento como um hard-rock, mas lírico como um
festival de música popular. Não fala muito como um midiático pregador, mas é a
própria Bíblia vivente, uma encarnação do Evangelho. Na sua cidade de Assis,
crentes de tantas religiões, vão reverenciá-lo, à procura de uma fonte interior,
e lá não se sentem ofendidos e nem prosélitos. Sua fala de Paz e Bem, seu modo
de vida solidário ensina que a única causa que pode unir toda a humanidade é a
diminuição do sofrimento humano. Ele não precisa ser admirado como um ganhador
do Oscar, porém precisa ser compreendido em nossas academias, escolas e
famílias.
Foi um penitente e não um fanático por jejuns. Um homem
light, diet, magro e despojado, não porque fez uso exagerado de drogas
endócrinas, mas porque comeu o que o povo come na mesa dos comuns. Vestiu roupa
confortável da estética dos livres e não dos prisioneiros das grifes e
etiquetas. Ele é um herói que se bateu pela fé e pelos fracos, deste heroísmo
que não faz um ato heroico de um dia, mas permanece no meio de todos como um
serviço persistente. Este jovem de Assis é tão bom e atual que sua vida é uma
Legenda.
Este texto foi publicado na Agenda 2009 do Grupo das Escolas
Franciscanas de São Paulo
Por Fr. Vitório
Mazzuco Fº, OFM , nosso irmão Assistente Espiritual da Fraternidade de Santo
Antônio do Largo da Carioca/RJ.
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